O INVESTIDOR – 3º ATO

Neste fim de semana dois acontecimentos chamam a atenção dos girista: a assembléia extraordinária da Assogir, convocada por Leda Góis para discutir a situação do presidente da entidade, Luiz Humberto Carrião, e o mega leilão Gir da Américas, dia 18 de novembro, à noite, no chique hotel Copacabana Palace (foto), promovido pela família Jorge Picciani e Filhos. Os Picciani, agora giristas, são os maiores criadores de Nelore do Estado do Rio de Janeiro.

São dois acontecimentos que a grosso modo não têm nenhuma relação. Mas se for feito um aprofundamento na situação da raça no Brasil, é possível encontrar alguma relação. Mesmo que não seja positiva.

Essa assembléia na Assogir, marcada para um domingo, na cidade de Uberaba, por meio de uma nota publicada em um jornal diário e depois contestada pelo presidente, reflete a triste situação da Assogir, que já foi a principal entidade do Gir nacional. Entidade de muitas histórias e hoje renegada à luta interna entre dois diretores, que juntos, a comandam há mais de 12 anos.

Não se sabe como a Assogir conquistou o atual isolamento entre os criadores de Gir e entre as organizações do setor. Mas o fato é que há muitos anos a entidade vem sendo desprestigiada ao ponto de praticamente estar com as portas fechadas.

Enquanto a raça cresce, se desenvolve e se valoriza, a Assogir a cada dia entra num atoleiro sem fim. Com um estilo de gestão que afastou praticamente todo mundo da entidade, Leda e Carrião foram perdendo aliados e agora estão sozinhos e, ainda por cima, em luta pública entre si.

Por meio de uma articulação de Onofre Ribeiro, da Estância Jasdan, em Paraopeba (MG), a Assogir chegou a atrair um número significativo de criadores, a maioria de Gir leiteiro e com o passar do tempo, eles também abandonaram a entidade. Já estiveram atuantes na Assogir figuras como Gabriel Andrade, Paulo Horta, Luciano Ferraz, Dílson Cordeiro, José Mário Abdo, Onofre Ribeiro e tantos outros, que, aos poucos, foram se afastando e se desligando politicamente da entidade. Sobrando, praticamente, só os parentes de Leda e Carrião.

O estado de penúria da Assogir foi tão grande que chegou a ficar fechada por vários meses. Ainda por cima, os seus dirigentes travam uma querra judicial com o atual presidente da ABCZ, num processo interminável que pede a anulação da eleição de José Olavo (fontes extra-oficiais informam que a ABCZ perdeu nas estâncias locais e agora o processo está no Supremo Tribunal Federal).

Dona Leda Góes foi candidata a presidente da Abcz e o que deveria ser uma luta dela e do Carrião, seu fiel escudeiro, transformou-se numa luta da Assogir, que, em ultima análise, não tem nada a ver com a disputa eleitoral na ABCZ. Essa disputa, que, deveria ser a mais democrática possível, deixou seqüelas irreparáveis. Prejudicando sobremaneira o dia-a-dia da Assogir, atrapalhando sua condição de representante dos criadores brasileiros.

Carrião não esconde de ninguém que não “senta” com José Olavo porque não o reconhece como presidente da ABCZ.

Por fim, Carrião afastou-se do meio girista. Não compareceu nem mesmo na última Expozebu, o que contribui para apressar o pedido de licença de Paulo Horta da 1ª vice-presidência. Tudo isso, pelo jeito, incomodou Leda Góis, ex-presidente da Assogir e atual diretora financeira, que sem comunicar ao presidente, com que mantém um histórico de extrema fidelidade, convocou uma Assembléia Extraordinária, em nome de 1/5 dos sócios para discutir “os destinos da Assogir”.

O modus operante de Leda Góis e o desenrolar dos acontecimentos noticiados aqui em Girbrasil, inclusive com a publicação de um manifesto, mostram que existe, ou existiu uma ruptura entre as duas únicas e últimas lideranças atuantes da Assogir. Com essa “briga”, o quê se pode esperar da Assogir de agora em diante?

O fato é que a lideranças dos dois, Leda e Carrião, está bastante aranhada. Leda avisa que renunciará no próximo domingo, Carrião disse que se houver um pedido formal da maioria dos associados da Assogir, também renunciará.

Sobre a possibilidade da renúncia do presidente, dois abaixo-assinados circulam pelo país pedindo seu afastamento da direção da entidade.

Enfim, o caos está instalado na sala da Assogir na ABCZ. Caos político e de representação.

Essa é a situação da organização que, teoricamente, representa o Gir Dupla Aptidão no Brasil. Por outro lado, o chamado Gir Leiteiro é só comemoração. A sua entidade, a Abcgil, comemora a filiação do associado de número 250, um recorde de participação e os criadores estão em euforia pela procura pela raça e pelas médias atingidas nos leilões quase que semanais pela televisão.

Os criadores de Gir leiteiro, na sua maioria, fazem as malas neste final de semana para desembarcarem na cidade do Rio de Janeiro, onde acontecerá o apoteótico leilão Gir das Américas nos glamourosos salões do hotel Copacabana Palace.

Este leilão será o clímax de um ano de sucesso do Gir leiteiro. Será a porta de entrada da raça para o seleto clube das raças de elite acostumadas a conviverem com as altas cifras. A mais pura demonstração de que o Gir está em alta. Agora chegou a hora de colher os resultados de dezenas de anos de trabalho, de discriminação e isolamento.

Copacabana era uma terra imaginária, uma fantasia, um sonho que virou realidade. Como copacabana, outros grandes e performáticos eventos viram para mostrar que a raça Gir ganhou, definitivamente, as graças dos grandes e endinheirados pecuaristas, dos grupos econômicos e investidores à procura de onde gastar seus milhões.

Portanto, a semana que se inicia no dia 16, domingo, promete para o Gir nacional. A esperança é que a raça e os criadores saiam bem destes dois eventos.

Rosimar Silva

Girbrasil

Goiânia/GO

Leia também:

O Investidor - 1º ATO

O Investidor - 2º ATO