11 de nov. de 2008

O Investidor – 2º ATO


O Hotel Capacabana Palece, no Rio de Janeiro, será a próxima parada do Gir leiteiro


O Gir saiu do gueto e está indo para os palácios. Deixou de ser uma paixão, para se transformar em um negócio de retorno garantido. Uma opção de lucro. Uma opção de quem gosta e sabe ganhar dinheiro. Uma mania. Uma sensação da pecuária.


Este é o novo cenário da raça Gir no Brasil. Leilões valorizados, muitos investidores e aumento da procura pela raça. 2008 está se encerrando com resultados surpreendentes e prometendo novos e promissores horizontes à raça para 2009.


A raça conquistou Uberaba. Durante a Expozebu dos últimos anos foi visível o aumento do “poder” e da influencia do Gir. Houve aumento de número de animais em exposição e aumento no número de leilões e nas médias alcançadas por esses leilões.


A Abcz e, conseqüentemente, a expozebu, sempre foi um reduto de neloristas (agora de brahmistas) teve que reconhecer e aceitar o crescimento do prestígio do Gir e absorveu isso muito bem. Mesmo por que, Oreste Prata Tibery, ex-presidente e José Olavo Mendes Borges, atual presidente da ABCZ também são criadores de Gir. Orestinho, inclusive, vende no mega leilão Gir das Américas, dia 18, no Capacabana Palace, na cidade maravilhoso. Isso facilitou o crescimento e aceitação da raça dentro da Expozebu.


O Gir está consolidado em Uberaba. Recentemente, durante a Feileite em São Paulo, o criador Eduardo Falcão, de São Paulo, promoveu o seu segundo leilão e faturou R$ 1.500,000,00. Isso, dentro da capital paulista, numa feira com todo o poder da bovinocultura de leite baseada em raças européias, mostrando a força da raça fora do triângulo mineiro.


Agora chegou a vez de desfilar nas hostes cariocas. O leilão Gir das Américas, promovido pelo premiado nelorista Jorge Picciane, busca, em síntese, mostrar o glamour da raça num lugar de requinte, riqueza e charme. (veja aqui as fotos e os comentários de todos os lotes do leilão Gir das Américas)


O promotor do evento já declarou que pretende faturar três milhões de reais com a venda de 30 lotes. Para alcançar essa cifra, o leilão terá que alcançar média superior a 100 mil reais. Está lançado o desafio. Para isso, colocará à venda animais top dos principais planteis de Gir leiteiro do país.


Então surge a grande pergunta. Quem serão os compradores de um leilão dessa categoria? Ou melhor, quem serão os investidores. Para esses valores não existe comprador, mas investidor. Os principais criadores que, teoricamente seriam potenciais compradores, são os vendedores. A aposta, acredito, está no investidor milionário que acredita que a raça Gir é a “bola da vez”.


O mercado do Gir sinaliza para um crescimento dos negócios com animais top da raça. Novos criadores e novos grupos interessados em pegar uma carona nesse crescimento estão na espreita para participar desse momento de crescimento da raça.


O mega leilão do Rio de Janeiro será uma passo importante para a elitização da raça e, ao mesmo tempo, também, mais um passo importante para a promoção do Gir. São duas coisas conflitantes que, inevitavelmente, convivem lado a lado neste momento.


Essa ida sem volta do Gir já foi percorrido por outras raças. Cabe agora é tentar tirar proveito das experiências da elitização do Nelore, por exemplo, para que a raça Gir continue com sua sagrada missão de ser a raça leiteira brasileira. O leite no Brasil é produzido, basicamente, nas médias e pequenas propriedades, que estão distantes desse mundo” super valorizado dos leilões da pecuária de elite.


Como negócio, todo criador quer ver sua atividade em evidência, promovida e divulgada. Essa super valorização da raça Gir tem um peso incalculável na promoção da raça. Por isso, a euforia em torno desse evento. Do ponto de vista promocional, não só os participantes do leilão se beneficiarão da grande exposição do evento, mas toda a cadeia produtiva do Gir nacional. Será um grande reforço à auto-estima do criador brasileiro.


Que esses ganhos atuais não se tornem uma grande dor de cabeça para a raça num futuro próximo. Que tenhamos condições de passar por essa “explosão” da raça de forma sustentável e que a raça Gir permaneça em evidência por longos anos na pecuária nacional e internacional.



Rosimar Silva

Girbrasil

Goiânia (GO)


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