21 de nov. de 2008

"Para quem é o Gir Leiteiro? Que Caminhos são esses? Uma alerta"


Artigo - Em Espanhol



Ivan Luz Ledic
Médico Veterinário, MSc. em Melhoramento Animal, DSc. em Produção Animal ex-Diretor Técnico da ABCGIL e Pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Leite




Por conversa de amigos criadores e selecionadores, me foi solicitado escrever algo sobre o atual estado de comercialização do Gir Leiteiro no Brasil. Em resumo, nossa conversa era sobre o que está abaixo:

Acompanhado alguns leilões elite e lido entrevistas na mídia sobre o “Boon” do Gir Leiteiro temos verificado médias de R$46 mil reais em remates, animais sendo adquirido por valores acima de R$1 milhão..... E isso tudo sendo comemorado.....

Temos visto vacas da raça Gir em Controle Leiteiro Oficial ultrapassar os 17.000 kg de leite na lactação e produções diárias de até 49 kg. Esses recordes são obtidos através da utilização de hormônios e estimulantes nutricionais, com manejo sofisticado para permitir que o animal expresse seu máximo potencial de produção. Tudo bem, mas essa classe de animais representa somente cerca de 7% da população de fêmeas da raça Gir sob controle leiteiro oficial.

Entretanto, a realidade é que 93% das lactações da raça Gir estão entre 2.100kg e 5.000kg. Esse é o Gir Leiteiro que o mundo emergente da América Latina, Ásia e África necessitam para a pecuária sustentável. Tanto que já estamos com nosso Gir Leiteiro na Bolívia, Colômbia, Venezuela, Equador, México, Guatemala e África do Sul. A República Dominicana e China também estão com interesse no Gir Leiteiro, mas dentro das realidades de seus países.

Que Gir Leiteiro é esse? Desde que comecei a trabalhar com o Gir Leiteiro, há uns 25 anos atrás, vislumbrávamos que seria o Grande Trunfo da Nossa Pecuária Leiteira como Raça Ideal para Produzir Leite nos Trópicos e, principalmente, para Servir aos Pequenos Criadores, como raça pura ou utilizada em cruzamentos, principalmente pelo baixo custo de produção, pela rusticidade e adaptação às diversas condições climáticas de temperatura elevada, resistência a endo e ectoparasitas e longevidade produtiva.

Os trópicos necessitam de uma vaca de estatura mediana (cerca de 450 kg de peso vivo), com produção próxima de 3.000 kg, obtidos dentro das realidades sócio-econômicas-culturais e adaptados aos sistemas de produção de leite a pasto. E o Gir Leiteiro e seus cruzamentos atendem essas premissas.

Ocupamos nosso espaço na pecuária leiteira nacional e internacional, principalmente através de trabalho e despojamento de Criadores e Técnicos, Instituições de Pesquisa e Ensino, que deram respaldo e credibilidade para demonstrar a capacidade produtiva dos animais.
Uma demonstração é o PNMGL, através do Teste de Progênie, que permitiu, desde sua implantação em 1985, aumentar as doses comercializadas de sêmen de 72.056 (5,3% do total das raças leiteiras nacionais) para 662.981 doses (50,9% do total de doses vendidas em 2007 pelas raças leiteiras nacionais). Nos rebanhos de Gir Leiteiro têm ocorrido ganhos genéticos expressivos, da ordem de 1% ao ano, devido à utilização dos touros provados e acasalamentos dirigidos.

Diante desses fatos questiono: - Quem é que está causando toda essa procura e valorização por animais Gir com produções próximas de gado taurus ou de F1? São criadores comerciais que vivem da atividade leiteira? A quem serve essa raça hoje?

Repondo eu: 1. - Isso tudo iniciou realmente porque os criadores tradicionais de Gir Leiteiro necessitavam incorporar em seus rebanhos animais de outras origens, com valores genéticos superiores, o que aqueceu o mercado e elevou os preços dos animais, além do fato de ter ocorrido o início das exportações, inicialmente para Colômbia, nos anos 90. Até aí tudo lógico e dentro do esperado.

2. - E assim, com todos esses fatos acontecendo, começaram aparecer ‘investidores’ que realmente estavam vendo uma forma de multiplicar seus ‘lucros’ como uma aplicação financeira de retorno rápido pela atual demanda por esse tipo de animal. Muitos necessitam dar corpo ao dinheiro e riqueza obtidos de outras ‘fontes’ e transformar isso em mercadoria. Por outro lado, alguns novos criadores estão trocando ‘figurinhas’ para manter o preço elevado.

3. - Pior que isso é ver capas de revista e reportagens falando que se não for agora, ninguém mais conseguirá adquirir Gir Leiteiro. Alardes e notícias na mídia de leilões com média de R$140 mil por animal (isso mesmo, equivalente a cerca de 280 mil litros de leite). Tudo isso para esquentar ainda mais uma falsa realidade mantida por mascates e marqueteiros (muito competentes naquilo que fazem) e que formaram ‘turminha’ de poderosos. E todo mês tem mais batida de martelo com muita purpurina, regados a whisky, charutos cubanos e buffet com iguarias da época medieval – uma festa com todo glamour do “Jet Set” da sociedade com ‘código genético imperialista do mercado financeiro’, que impressiona qualquer súdito mortal (produtores de leite).

Realmente, se continuar dessa forma, os reais usuários dessa genética, os produtores comerciais e outros pequenos e novos criadores-produtores de Gir Leiteiro, estarão fora do mercado para adquirir animais de pedigree superior, e, ficarão inibidos para realizar tais investimentos em genética. Em nível internacional, haverá, creio, uma retração, devido ao fato de que existe ainda, além do valor pago por essa genética, mais gastos vultosos para exportar sêmen, embriões e animais para seus países, inviabilizando colocação desses produtos de forma acessível aos produtores por esses importadores.

Pergunto ainda: - Esses animais comprados por valores ‘faraônicos’ dão retorno como animal de cria? Mesmo com as biotécnicas reprodutivas em uso hoje para multiplicação rápida desses animais, por quanto tempo mais haverá investidores que se desfazem rapidamente ‘de suas investiduras fáceis’ e quem serão os compradores futuros? Realmente cerca de 100 embriões hoje são suficientes para ‘pagar’ uma vaca de R$600 mil, mas quem vai manter esse jogo e por quanto tempo?

Todos nós já assistimos “Boon” de cavalos, jumentos, avestruz e em outras raças bovinas. Isso tudo acabou e muitos perderam (a ‘bolha inflacionária’ da vez parece ser o Gir Leiteiro, infelizmente). Estão querendo transformar o Gir Leiteiro do Século XXI num negócio milionário, numa fantasia que poucos poderão ter. É um mercado virtual sem sustentação, fadado ao auto-esgotamento por falta de liquidez, fato normal em épocas de crise monetária. Chega de circo e de: dou-lhe uma, dou-lhe duas, doa-lhe no bolso......

Espero realmente que voltemos à normalidade - deixar de enaltecer apenas altas lactações que acabam por ‘engessar` outras iniciativas. Existem novos empresários e pecuaristas que realmente serão criadores de Gir Leiteiro e estão formando seus rebanhos também com linhagens alternativas de alguns criatórios tradicionais que não mais estavam aferindo o potencial produtivo leiteiro de seus animais, além de outras criações de Gir Leiteiro que fazem controle leiteiro oficial, mas cujas vacas são criadas com um manejo visando ‘leite de capim’ e não com artificialismos para atingir altas lactações dependentes de insumos. Brevemente esses selecionadores irão garantir o futuro para sustentar o melhoramento da raça, que já está sofrendo de um processo de colapso e monitoramento constante para reduzir a taxa de endogamia que está se estreitando em poucos ancestrais.

O Gir Leiteiro está em evidência porque os trabalhos científicos e técnicos fizeram com que se transformasse no Milagre Zootécnico do Século XX. Isso aconteceu não devido à megaleilões. Chegamos a esse patamar com trabalho sério, com delineamentos experimentais e transformando dados em informação, passo a passo, perseverando e demonstrando qualidades do produto, com os pés no chão e norteados em colaborar com a pecuária leiteira.
Espero sinceramente que o Gir Leiteiro do Século XXI venha e volte a ocupar sua função na pecuária tropical como Patrimônio Zootécnico de Todos – produzindo animais com potencial leiteiro e acessíveis para abastecer o mercado e deixar ‘de ser a bola da vez’ somente porque está servindo para dar lucro financeiro no comércio da genética a um pequeno grupo do topo da pirâmide. Voltar a ‘ser a bola da vez’ como animal ideal para manter a atividade leiteira dos produtores de leite, cujo sustento se pauta no pequeno lucro da venda de sua produtividade de leite e na comercialização de animais balizados pelo valor real da atividade do campo, que vive um quadro desolador ainda de uma atividade extrativista....

Aqui gostaria de ressaltar o valor daqueles pioneiros visionários que iniciaram e continuam selecionando Gir Leiteiro, dos pesquisadores que formataram e permitiram a evolução da raça, dando lastro para atingir e nortear a seleção. Parabéns a esses amigos, verdadeiros pilares da raça. A aplicação do conhecimento aconteceu e o melhoramento ocorreu. Há 25 anos estamos fazendo gols. É cômodo agora usar ‘do nome e do trabalho dos outros’ para se auto-promover e inflacionar uma atividade primária que, num contra censo, necessita baixar custo para obter receita e conseguir sobreviver de seu trabalho. É muito para minha cabeça e bom senso assistir isso tudo e continuar alienado, sem poder falar e me exprimir, oprimido e desencorajado, porque pode ferir o orgulho de alguns e afetar o que a mídia usa para ter ibope.

Finalizando: - Procuramos promover e formar opinião através de pesquisa e de artigos vinculados na mídia, com idéias e ideais, ao longo desse tempo foi para isso, acreditando que o Gir Leiteiro é uma raça virtuosa e vitoriosa por seus predicados intrínsecos e não como objeto de desejo de propósitos vãos para auferir receita por aqueles que não vivem da atividade agropecuária como objeto fim.

Um dos maiores e mais conceituados selecionadores de Gir Leiteiro me confidenciou: - Vendo nos leilões porque é fruto de meu trabalho e dinheiro é bem vindo, mas pergunto se alguns desses empresários que estão comprando sabem o que é um estábulo, ou se já pegaram na teta de uma vaca, ou quanto custa produzir um litro de leite?


Leia este artigo em espanhol. Click aqui.



Ivan Ledic foi por longos anos diretor técnico da Abcgil - Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro. Nesta foto, na expozebu 2006, ao lado dos principais criadores de Gir Leiteiro do Brasil: Eduardo Falcão (presidente da Abcgil na época), José de Castro, Kinkão, Leo Machado, Luiz Evandro Aguiar e Luiz Ronaldo, Consultor técnico da Leite Gir, empresa de assessoria pecuária, especializado em Gir Leiteiro.

Goiânia (GO) – Agora você poderá ler em português todas as manifestações publicadas por Girbrasil sobre o artigo de Ivan Ledic, escritas pelos criadores de outros países. Click no link abaixo e veja as duas versões português e espanhol:


GYR-LECHERO: LOS PELIGROS DE LA RAZA

Ricardo Suarez, criador de Gyr Lechero - Mexico

Hernan Dario, criador de Gyr lechero - Hacienda La Voluntad - Colombia

Julio Chávez, criador de Gyr Lechero - Guatemala

"Inescrupulosos engañaron a mucha gente"

Manuel Urquijo, Rancho Agua Fria

Preocupações com a Elitização do Gir

"Primei pelo equilíbrio"



12 comentários:

Bolsanello disse...

Mestre...falou tudo!! Parabéns pelas suas palavras...sábias e com razão! O resto eu ja falei contigo pelo msn!

Um forte abraço do amigo,

Bolsanello

Anônimo disse...

Prezado Rosimar Silva,

Parabéns a Ivan Ledic por seu artigo bem escrito, fundamentado e corajoso. Eu próprio sou criador de gir leiteiro há 24 anos e conheço na pele os problemas que ele tão bem examina. Essas lactações fenomenais de vacas gir leiteiro não fazem bem ao conceito da raça.
Basta referir que é de 12.432k a maior lactação de STARSTRUCK J PENNY-RED-ET, mãe do touro holandês Phandango, que é vedete na venda de sêmem da Nova Índia.
Viva o gir leiteiro natural, o gir leiteiro que Ivan Ledic ajudou a formar na Epamig, o gir leiteiro de José João e Manoel Salgado Reis e de outros criadores sérios que fizeram no passado, e de alguns que continuam a fazer no presente, com manejo adequado para consagrar nessa raça o gado ideal para produzir leite a pasto nos trópicos.

Renato Guimarães
fazendaindaia@girdepirai.com.br
Fazenda: INDAIÁ
Piraí - RJ

Anônimo disse...

Ivan, parabéns pelo texto, certamente é a opinião de todos os criadores que querem o bem da raça. Muitos erros já foram feitos na criação de outras raças, erros estes que inviabilizaram a entrada de novos criadores, de sangue novo, de novos selecionadores; meu medo ao iniciar a criação de Gir Leiteiro era que a raça fosse para este mesmo caminho, caminho este do qual nós sabemos o final, espero que estes leilões milionários não seja o início do fim, e que os novos criadores venham com a finalidade de somar, com conhecimento, com amor a raça e com respeito aos criadores de bem, se forem assim serão muito bem-vindos. certamente é o pensamento de muitos amantes da raça Gir.

Abraços

Zé Eduardo Mello
Gir das Paineiras
Itapetininga/SP

Anônimo disse...

Parabéns Ivan,

Excelente artigo.Apesar de muitos de nós não comungarmos da maioria de suas diretrizes para a raça gir, não podemos deixar de concordar com você a respeito das conseqüências negativas dessa hiperinflação no mercado do gir. Como foi destacado por você, os maiores responsáveis por isso não têm nenhum compromisso com a raça e certamente a deixarão aos primeiros sinais de queda nos preços.

Enquanto isso, o ingresso na raça ficaria cada vez mais inacessível para pequenos e médios pecuaristas. Não sei se você chegou a ver, mas, antes da publicação de seu artigo, no Blog Gir-PO, eu e Rodrigo Simões ousamos tecer algumas críticas (não tão aprofundadas como as suas) a essa verdadeira pirotecnia que tomou conta do mercado gir e mostrou seu ápice no último dia 18 com o Leilão Gir das Américas.

Ao que parece, causamos desconforto em alguns que se enquadram nas duas categorias a quem você atribui a expansão dessa tendência - os mascates e os marqueteiros. Inclusive, chegamos a ser ofendidos em nosso próprio Blog. A conclusão de seu artigo fechou com chave de ouro.

Não podia ter sido mais brilhante ao apontar o paradoxo para o qual caminha o gir, uma raça cujo fomento e aprimoramento têm como objetivo reduzir os custos da produção leiteira no Brasil, mas que pode se tornar imprestável para essa finalidade em virtude de preços sabidamente irreais.

André L. Pinheiro
Criador do Crato
comunidade de Gir Padrão do Orkut

Anônimo disse...

dr. ivan

agradesco su mensaje y le felicito verdades como estas son las que nos ubican como criadores y nos llevan a realizar trabajos de mejoramiento sin dejar de tener los pies sobre la tierra, no son las grandes lactaciones las que sacan al pequeño productor a flote.

Los pequeños ganaderos de cualquier parte del tropico y lugares donde es factible criar gyr necesitan vacas que crescan un becerro y tengan un exedente de leche que les permita un ingreso para sostener su empresa y su familia esa es la gran realidad del gyr y los pequeños productores.

Nuevamente lo felicito y le doy las mas merecidas gracias por su libro enviado a traves de nuestro amigo manuel suarez,

Ya iniciamos la organizacion del II congreso internacional de criadores de gyr en Mexico y del cual usted es parte fundamental en mail proximos le hare llegar los temas a tratar y definitivamente vaya usted pensando en el tema para usted.

Un abrazo,

Ricardo Suarez
Presidente da Associação de Gir do México

Unknown disse...

Meus parabéns Ivan! Belas palavras.

Concordo plenamente.

Alguns tentam fazer do nosso Gir um holandês, o que de forma alguma conseguirão.

Muitos, ainda, fazem de qualquer vaca, uma doadora... Sem se preocuparem com os méritos(produtivos, reprodutivos, genéticos) que um animal deve ter para se tornar de fato tal.

Por fim, "inflam" os valores dos animais, "trocam figurinhas".
E o pequeno produtor? Onde fica nessa história? E progresso genético do rebanho nacional? Será que essas atitudes, poderão efetivamente promover alguma melhoria em termos de rebanho leiteiro nacional, em termos de qualidade de vida para quem vive da atividade leiteira no Brasil???

Sábias palavras Ivan... " Pra quem é este Gir? "

Grande abraço.

Anônimo disse...

Giristas, boa noite.
O artigo do Prof. Ivan Ledic é o resultado de anos de pesquisa e trabalho árduos na lida com a vertente leiteira da raça Gir.
Certamente esgotou o assunto de maneira lúcida, responsável e construtiva.
Portanto, devo pedir licença ao ilustre Professor para falar a respeito dos Investidores 1o., 2o. e 3o. atos.
Os controles leiteiros das vacas Gir Leiteiro sempre deixaram margem a críticas quanto aos métodos utilizados na confecção dos mesmos.
Apenas para citar os primordiais, lembro as correções das pesagens do leite para idade e componentes sólidos, as lactações projetadas e a utilização de substâncias que incrementam - em muito - a lactação da matriz.
Pelo fato da ABCZ não se importar muito com o que não seja Nelore ou Brahman, a coibição de tais práticas não foi encampada.
Em seguida e como consequência, os adeptos de tais práticas perderam os limites e o resultado aí está:
Vacas Gir com lactações maiores do que vacas Girolandas, Jerseys e até mesmo Holandesas. Tudo isso com a chancela oficial da ABCZ e garantia do Veterinário animador de auditório.
Acho que agora é tarde. Os INVESTIDORES estarão no comando do Gir Leiteiro e gahando dinheiro com o trabalho dos CRIADORES por um bom tempo.
Abraços a todos.
Alzeir.

Guilherme Ricaldoni e Marcos André Ricaldoni de Miranda. disse...

Ivan Ledic
Meus parabens pelas ideias difundidas no texto, estou plenamente de acordo.

Um abraço
Guilherme Ricaldoni - Chácara Beira Rio.

Anônimo disse...

Parabéns caro colega,

Você com suas sábias observações, colocou o dedo na ferida.
Alertou com muita competência, e conhecimento, sobre o perigo da especulação atual, para o futuro da raça gir, como animal de suporte para os pequenos e reais produtores. Essa supervalorização da raça, através de leilões cinematográficos, interessa somente a uma pequena parcela de especuladores, que com certeza, pouco ou nada vão colaborar com a continuidade da raça.
Um grande abraço, e sucesso nessa empreitada.

Ronaldo da Silva Caldeira
Pedro Leopoldo-MG

Unknown disse...

Prezado Ivan,

Já que meu comentário anterior "não chegou", repito aqui minhas palavras. Espero que agora chegue!

Meus parabéns por suas palavras!

Obrigado por não hesitar em mostrar o real valor de nosso Gir Leiteiro!

Outros assuntos que devem ser discutidos com urgência são critérios de seleção e endogamia. Ultimamente tenho visto alguns (ou muitos) criadores seguindo trilhos equivocados e talvez insustentáveis.

O tempo por aqui anda bastante curto, mas assim que puder, escreverei um artigo sobre estes temas.

Um grande abraço!

Rodrigo Junqueira Pereira
Zootecnista
Mestrando em Genética e Melhoramento - UFV
Fazenda São Bento.

Anônimo disse...

Quem acompanha a pecuaria nacional, leite ou corte, certamente irá concordar com os argumentos do Dr. Ivan.
Felizmente, acredito que o proprio "mercado" ira corrigir em breve as distorções dessa "bolha" que vem sendo criada por vendedores e também compradores de momento.
Primeiro, porque ao contrário da genética de corte, onde superalimentação e manejo maqueiam ou disfarçam com maior facilidade resultados, no leite a história é outra.
O resultado pode ate ser fraudado ou turbinado, mas é bastante limitado.
Alimentação e manejo podem ser os melhores e os animais belíssimos, mas a produção no balde será frustrante e indiscutivel.
Então logo teremos "apostas" muito altas virando "pó".
Por outro lado, são milhares os criadores de Gir no Brasil (gado elite e cruzado), bem como, um numero expressivo de pecuaristas sensatos, que vivem da atividade, anônimos, perseverando em suas propriedades seja com tourinhos Gir, inseminação artificial e mesmo tecnicas avançadas (TE e FIV) que sem dúvida alguma irão garantir a sustentabilidade e a evolução da raça Gir como raça leiteira nos trópicos.
Já para aqueles que gostam de "fortes emoções", "altas apostas", "pirâmides" e o "glamour da mídia", boa sorte - que tenham muito capital para investir, quem sabe muito a ganhar ou muito a perder.

Sten Johnsson
Rio de Janeiro

Anônimo disse...

Prezado Ivan,

Tive a oportunidade de conhece-lo pessoalmente numa palestra sua na Fenagro (Salvador 2006), quando comecei uma pequena criação de gir leiteiro. É provável que vc não lembre, mas desde aquela época você ganhou um admirador. Parabéns pelo artigo e pela lucidez de suas colocações. Como produtor de leite sou fã da raça gir há muitos anos -desde o tempo em que aqui na região ninguém queria saber de gir nem de graça. Hoje virou moda. Os leilões tão colocando em evidência vacas tão "produtivas" -a base de boostin , claro, que tenho medo do futuro do gir.
Tenho receio dos novos criadores de gir (muitos vindos do nelore) e desta moda toda. Prá se ter uma idéia, no ano passado comprei uma novilha gir numa exposição que não podia ver um cavalo que saia em disparada, alucinada. Demorei a entender o que acontecia. Animal criado em baia que nunca tinha visto um cavalo na vida. Demorou a se adaptar ao pasto e ao equino.
To falando muito. Mas, enfim é isso, concordo em tudo com que escreveu.
De um novo criador que acredita no gir como ele deve ser: produtivo, rústico e dócil. Abraço,

Eduardo Barreto
Fazenda Pau D'Arco
Itarantim - Bhia