20 de dez. de 2009

"Touro de milhão em vaca de tostão"



.
Prezado Rosimar,


Acabei de ver no blog a matéria sobre os “Caixeta”. Lamento por ambos, pai e filho, pois é triste presenciar a derrocada seja lá de quem for.

Oportunamente, o acontecimento cá entre nós já era esperado - alguém iria "quebrar" mais cedo ou mais tarde.

Minha opinião, é que vem muito mais por ai.

Ultimamente, retratando a realidade do Gir, o blog tem sido praticamente um veículo de programação de leilões, são tantos e cada um mais espetacular que o concorrente que ficamos admirados com a "voracidade" do mercado!

Quem acompanha o Gir de longa data, surpreende-se com os valores pagos em prenhezes e bezerras - é uma aposta alta, praticamente uma ação de risco, pois sabemos que a confiabilidade e consistência leiteira do Gir ainda são reduzidas. Não é absurdo algum, afirmar que quem compra uma bezerra filha de um renomado touro com ma renomada vaca tem pelo menos 40% de ser uma vaca comum, 45% de ser uma vaca boa, e uns 10% de ser uma vaca boa e 5% de ser uma muito boa ou realmente excepcional.

O que nos leva a crer que com a quantidade de prenhezes vendidas vai ter muita gente com mico na mão em um futuro próximo. Como contabilizar esse prejuízo!

Alem disso, mesmo quem adquiriu uma doadora VIP, por mais que faça os cruzamentos corretos, no final vai conseguir (se conseguir) algo perto de 30% de animais diferenciados na melhor das hipóteses.

Corrija-me se estiver errado!

Por outro lado, um criador com vacas medianas, corretamente cruzadas também pode chegar a resultados similares utilizando bons touros de central.

Me avô, desde que me entendo por gente, já dizia - com relação a produção de leite no século passado (dos anos 50 ate os 80 quando ele faleceu). Touro de milhão em vaca de tostão. Claro que não é assim. Mas qualquer "tirador de leite" das antigas sabia muito bem que um holandês cruzado com uma vaca girada ou crioula resultava em um animal que dava pelo menos o dobro da mãe, senão mais.

Nos ultimos dois anos o Gir ganhou status e apareceu na "vitrine", o leite vem ganhando força, os produtores profissionalizando-se, investidores estrangeiros instalando-se no país (voce deve conhecer o projeto da Fonterra na Bahia - pecuária leiteira de alto rendimento associada a irrigação. Os "caras" já estavam lá a alguns anos quietinhos e agora que perceberam que é muito mais negócio produzir leite aqui que na Nova Zelândia vão botar para quebrar...) isso vai consolidar ainda mais o Gir leiteiro.

E claro, quando a procura dispara e a oferta esta restrita a duas dúzias de selecionadores que nas últimas 5 décadas se firmaram e detém o que se "conhece" como o melhor, os preços disparam.

Principalmente porque não são poucos os que vislumbram uma oportunidade como qualquer outra, de ganho financeiro, tem capital e sabem aproveitar o momento.

Para esses o Gir é um negócio como qualquer outro: Nelore, Mangalarga, Santa Inês, ações, empreendimentos imobiliários ou empresas de tecnologia. Estão prontos para "montar" um plantel com a mesma facilidade que o liquidam.

Genética e seleção é coisa para ser trabalhada a longo prazo, e mesmo com as modernas técnicas reprodutivas, os resultados levam anos para frutificar, décadas e não é raro ver que passam de pai para filho e netos.

Por isso, é que acompanho com interesse o que acontece de novo, nas entrelinhas, como o programa de touros da Gir Goiás, os criadores que estão experimentando cruzamentos com linhagens de padrão leiteiro e touros do Gir leiteiro e vice-verso, quem esta garimpando linhagens esquecidas e/ou que sobrevivem anônimas em currais de criadores apaixonados e teimosos que realmente conhecem o gado que tem, cada animal, sua procedência e o que produzem, bem como o que consomem e em que condições.

Por exemplo, gostaria de saber como vão as coisas lá na fazenda da Virgínia Pastor, pesquisas na Epamig, o que o Athos anda planejando, e o que pensam e andam fazendo quem usa animais Eva, ZS, Estiva, e outros que agora me faltam e/ou desconheço. Com certeza você deve conhecer ou ter acesso a um número muito maior de criadores de Gir similares aos que citei. Que tal dar a eles um pouco mais de espaço no blog e divulgar o que tem de bom dando leite e comendo capim nesse Brasil grande?

Quanto aos leilões, bem, continue a divulgá-los (óbvio que devem contribuir para uma receita do blog e você não é instituição de caridade), e depois, é importante conhecer o cenário e saber o que acontece, e refletir sobre isso para corrigir eventuais equívocos
Bem, não vou me estender mais nessa "prosa", senão vai longe, vamos aguardar os próximos capítulos ano que vem.

Enquanto isso, envio os meus votos de um feliz natal para você e família e um prospero ano novo para o blog, para o seu criatório e família.

É uma satisfação acompanhar diariamente o blog.

Grande abraço

SEJ - Johnsson
Rio de Janeiro

3 comentários:

Ivan Ledic disse...

Sej, que aula. A cada dia vc me surpreende mais. transcreva aqui o que escreveu no Orkut. De seu admirador Ivan

Anônimo disse...

Parabéns pela sábias palavras. Concordo com a maturiade e serenidade pronunciadas

Reigy disse...

Sej parabens pelas palavras ....