20 de dez. de 2009

Caso Caixeta: levantar a cabeça e dar a volta por cima


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Prezado Rosimar,

Hoje ao acessar Girbrasil, como faço toda manhã, me deparei com a noticia bomba sobre a crise envolvendo Jorge Luiz Caixeta, de Uberlândia.

Primeiro que parabenizá-lo pela forma como você publicou a notícia e por você ser uma pessoa extremamente bem informada no meio girista. Acho até que esse tipo de notícia não deveria ser publicada, mas por outro lado também concordo que o mercado deve saber de tudo.

Por isso, gostaria de também ocupar um espaço em Girbrasil para dizer ao Brasil e ao mundo, pois sei que criadores de vários paises já leram esta noticia, que também fui um vendedor de gado de elite para Lucas e Jorge Caixeta.

Como vários criadores, confesso a você que estive na fazenda de Jorge Caixeta, a seu pedido, para identificar e retirar os animais que ele, infelizmente, não deu conta de pagar.

Quero, de forma fraterna, me solidarizar com esse criador que passa por um dos piores momentos da sua vida e dizer que esse tipo de fato pode acontecer com qualquer um de nós. Digo isso de coração aberto, pois sou criador de gir por natureza e não faço da raça uma opção econômica para viver.

Ao longo da minha vida presenciei vários fatos dessa natureza e um deles ocorreu dentro da minha casa com o meu próprio pai que já quebrou literalmente, mas não se deu por vencido e deu a volta por cima.

Escutei de meu pai várias estórias de fazendeiros que entraram em crises financeiras e até cometiam suicídio, coisa comum nos idos da década de 40, durante o governo de Getúlio Vargas, que facilitou os financiamentos e depois fechou as comportas.

Por isso, quero dizer que Jorge Caixeta, mesmo nesta situação altamente constrangedora, teve a dignidade de assumir sua dificuldade e comunicou-me sobre tudo, me recebeu educadamente, colaborou com a retirada do gado, não obstruiu nada e permaneceu na fazenda mesmo diante de tanta vergonha e sofrimento.

Não é fácil uma situação desse tipo. Por isso, procurei minimizar os prejuízos para ambos os lados, pois no meu caso, não havia recebido nenhuma parcela, mas havia pago comissão de venda dos animais e disse ao Caixeta que ele não seria pressionado por mim para reaver esse dinheiro.

Por fim, desejo ao pai e ao filho muita serenidade, muita maturidade nesta hora para resolverem todos os problemas e levantar a cabeça e dar a volta por cima. Torço para que não deixem de criar Gir e que um dia ainda possamos nos encontrar e fazer negócios, bons e saudáveis negócios.

Espero que os colegas criadores de todo o Brasil também tenham um postura capaz de entender as dificuldades desse homem que está sofrendo muito neste final de ano. Nós trabalhamos muito para pagar nossas contas, mas não devemos orientar nossas ações somente em busca do dinheiro, o respeito, a consideração e a compaixão também têm que ter peso nas nossas decisões.


Cordialmente,




Onofre Ribeiro
Estância Jasdan
Paraopeba (MG)

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