14 de fev. de 2010

José Mário Abdo: perspectivas para 2010

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Rosimar Silva entrevista José Mário Abdo, da Fazenda Coqueiro, em Alexânia (GO), sobre as perspectivas do Gir Leiteiro para 2010.












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Alexânia (GO) – Todo ano é do mesmo jeito. Muita cautela. O mercado esperando os primeiros movimentos para ver como é que o negócio vai reagir. No mercado do gir não é diferente. Tivemos um ano de 2009 bastante aquecido, boas médias em leilões, muita movimentação em exposições apostando num cenário de crescimento constante da raça.

Mas aí começa o ano e a turma pergunta: “vai continuar com o mesmo pique do ano passado?”. Para avaliar esse cenário, Girbrasil entrevistou o criador José Mário Abdo, da fazenda Coqueiro, em Alexânia (GO), onde cria Gir Leiteiro de Chifre e Mocho. Só para ilustrar, Zé Mário, como é chamado carinhosamente no meio girista, encerrou o ano comprando no leilão Gir das Américas, no Rio de Janeiro, três prenhezes sexadas de fêmeas, sendo uma de Planta Te da Cal (10.281 kg – ajustada) com Radar dos Poções, outra de Imperatriz F. Mutum (10.480 kg) com Vaidoso da Silvânia e a última de Profana de Brasília (17.182 kg) com Vaidoso da Silvânia. Pelas três prenhezes pagou R$ 210.000,00.

Em 2009, José Mário Abdo foi o melhor expositor e criador de Gir Mocho da Exposição de Brasília. Também na megaleite 2009 Zé Mário não fez feio, no julgamento Gir Leiteiro Mocho levou o título como Grande Campeã com a fêmea Ucrânia JMMA, também fez a Reservada Grande Campeã com a Escalada F. Mutum e o Grande Campeão com Taro FIV JMMA. Ucrânia também foi a campeã vaca jovem do torneio leiteiro Gir Mocho da Megaleite. Ainda na Megaleite, José Mário fez o melhor Úbere vaca jovem com Utopia Fiv JMMA, com média diária durante o torneio de 30,94 quilos de leite.


Mas o grande destaque da performance de Zé Mário nas pistas do gir leiteiro foi a conquista do Grande Campeonato fêmea da Expozebu em 2008 com Taça Fiv JMMA (foto). Taça já foi Campeã Fêmea Jovem do Torneio Leiteiro Expozebu 2008, na casa dos 30 kg de produção, Melhor Úbere do Torneio Leiteiro Expozebu 2008, Melhor Úbere Expozebu 2008. Tudo isso aos 29 meses de idade. Taça descende de Radar dos Poções na Moda TE Mutum, reservada Grande Campeã Nacional em 2004.

Avaliação
Com toda essa bagagem, o criador goiano tem uma avaliação positiva do cenário nacional e internacional do gir para 2010. Segundo ele, “as perspectivas para 2010 são boas, espero uma continuidade do desempenho dos dois últimos anos, acho que vamos manter o mercado do gir aquecido em 2010”. Zé faz sua avaliação com os olhos voltados para 2009, “pois não podemos falar sem uma reflexão do que foi o ano que passou, um ano de grandes leilões, valorização das médias, vendas de grandes matrizes e até de reprodutores provados, por isso acho que vamos manter uma valorização da raça em níveis sustentáveis, capaz de manter aquecido o mercado”.

Zé Mário acha que em 2010 as ofertas serão melhores ainda, “mais qualidade, devido à pressão de seleção, natural graças à grande oferta de bom material genético disponível no mercado”.

Bastante didático Zé Mário enumera algumas rações para sustentar o seu otimismo, “primeiro, a entrada de novos criadores na seleção de gir, criadores de outras raças, como Brhama, Guzerá e Nelore, porque estão vendo que o mercado de gir está atrativo; segundo, porque melhoramos o nosso processo de comercialização por meio dos leilões transmitidos pela televisão, facilitando o acesso de todo mundo ao mesmo tempo; terceiro, a pressão de seleção com forte rigor em genética de alta qualidade, com animais top de linha, tendo como base os touros provados e com o apoio de modernas técnicas de reprodução que facilitam e aceleram a multiplicação dessa genética, como é o caso da Fiv (Fertilização In vitro); quarto, o processo de controle da qualidade dos produtos e da informação por parte dos órgãos reguladores da raça, como Abcz e Abcgil, com as auditorias externas do controle leiteiro oficial e quinto, a expansão do mercado interno e externo do mercado do leite”.

Auditorias
Zé Mário faz questão de ressaltar a importância do rigor no Controle Leiteiro Oficial da Abcz com as auditórias. “Eu fui auditado no ano passado e este ano. Não achei nem um exagero. Entendo que isso será um elemento de alavancagem do crescimento da raça, pois vai agregar valor e recuperar a credibilidade das nossas informações de produção”.

Para ele, “no meu caso estou satisfeito e tenho a confirmação da auditoria privada de que estou integralmente regular, mostrando que minha seleção de gir leiteiro está no caminho certo, deixando-me tranqüilo para seguir o meu trabalho e orgulhoso pelos resultados obtidos até agora”.

Investimentos
José Mário Abdo está tão tranqüilo de que o mercado do gir seguirá seu curso sem grandes surpresas que não pensou duas vezes para fazer grandes investimentos em melhorias e infra-estrutura da sua fazenda, “construímos novos galpões para preparação de animais para exposições e torneios leiteiros, implantamos um moderno sistema de ordenha mecânica para as raças gir e girolando, deixando a fazendo bem equipada e pronta para enfrentar os desafios de crescimento do gir leiteiro, produzindo e ofertando produtos de alta qualidade para o Brasil e para o exterior”, finaliza.

Destaque na mídia
O criador goiano será destaque da próxima edição da revista Gir Leiteiro, que já esteve na sua fazendo produzindo uma ampla reportagem para mostrar o rebanho e a fazenda coqueiro.



2 comentários:

Luiz Carlos Rocha Macedo-Gir Santa Cruz disse...

Caros Rosimar E José Mário,

Considerando-me ainda um iniciante, pois estou criando gir há pouco mais de tres anos, mas já tomando ações que seguramente me garantirão em um futuro bem próximo figurar entre bons criadores de gir (aquisição de prenhezes e animais de ponta, início de controle leiteiro oficial, total escrituração zootécnica e manejo sanitário adequado), permito-me comentar a excelente entrevista publicada no GirBrasil.

Qualquer atividade econômica deve ser pautada pelo otimismo, porém um otimismo "com os pés no chão". Nós criadores, às vezes somos tomados por uma tendência que nos distancia da razão e nos faz agir por emoção. Talvez uma parte do bom desempenho comercial do gir leiteiro no ano passado possa ter sido conduzida por atitudes não muito racionais, contudo, esta "irracionalidade", que eu prefiro chamar de "risco" é parte importante de qualquer crescimento.

Analisando os números do ano passado, assusta-se com a quantidade de leilões de gado gir e a quantidade de doses de semem comercializadas em relação às outras raças. Existe algo de "forjado" nisto? Não acredito!Existe sim um "boom" da raça. E existem muitos interessados em que este "boom" se neutralize!
Nós criadores, não devemos permitir que o excelente ambiente no qual vive o gir nos dias de hoje seja prejudicado.

Há mais de 30 anos atrás, no final da década de 60 assisti ao meu saudoso avô mandar para o matadouro um touro gir, o Laranjo, que já servia há algum tempo em sua fazenda produzindo um gado rústico, pesado e produtivo, trocando-o por um holandês que, apesar de produzir animais mais leiteiros, diminuiu em muito a rusticidade do rebanho e aumentou os custos da produção.
Naquela época, um meu tio avô que criava gir na região de Pitangui - MG, mais pecisamente na cidade de Leandro Ferreira, era tido como um retrógado por toda a família porque insistia na criação de um gado que somente tinha um "tipo bonito", mas que era um gado ultrapassado.

Hoje, colhendo os frutos do trabalho de selecionadores de genética, alguns há mais de meio século, o gir reencontra a sua vocação no Brasil: Produzir animais para a produção de leite nos trópicos e também manter a aptidão para a produção de carne - isto mesmo - ao pequeno produtor interessa ter animais leiteiros que possuam uma carcaça produtiva quando do momento do descarte.

Não é raro encontrar-se o absurdo de ver-se touros nelore servindo vacas leiteiras, buscando a produção de bezerros com precocidade para o crescimento, enquanto as mães sustentam a atividade leiteira. Ocorre que o criador não consegue repor o rebanho leiteiro e gasta somas elevadas para a aquisição de outras vacas. Temos que trabalhar para disseminar novamente a introdução de touros gir nos rebanhos leiteiros e julgo que esta é a saída para o baixo preço praticado ainda nas vendas de tourinhos gir.

Fala-se muito em produções leiteiras fantasiosas, obtidas às custas de um manejo extremamente caro e com técnicas discutíveis. Contudo, estas produções elevadas não existiriam se a genética não estivesse aprimorada. Aos que criticam as produções elevadas, sugiro tentar produzir leite com um animal sem aptidão leiteira: gasta-se fortunas com concentrados e substãncias lactogênicas e não se consegue "tirar água de pedra".

Acredito na genética que produz acima de 10.000 Kg de leite, realmente com custos mais elevados, para produzir animais que forneçam 5000 Kg em condições de manejo barato, ou seja, em regime de pasto.

Tenho certeza de que o trabalho até hoje feito no Gir não está ameaçado, como têem apregoado muitos. Vamos ter um 2010 muito favorável ao Gir. É só esperar a poeira assentar.

Modestamente, permito-me parabenizar ao José Mário pelo conteúdo da entrevista e ao Rosimar pelo trabalho em prol da raça. Vamos em frente... precisamos de otimistas com os "pés no chão"!

Luiz Carlos Rocha Macedo
Gir Santa Cruz
Santa Bárbara do Monte Verde-MG

Luiz Carlos Rocha Macedo-Gir Santa Cruz disse...

Caros Rosimar E José Mário,

Considerando-me ainda um iniciante, pois estou criando gir há pouco mais de tres anos, mas já tomando ações que seguramente me garantirão em um futuro bem próximo figurar entre bons criadores de gir (aquisição de prenhezes e animais de ponta, início de controle leiteiro oficial, total escrituração zootécnica e manejo sanitário adequado), permito-me comentar a excelente entrevista publicada no GirBrasil.

Qualquer atividade econômica deve ser pautada pelo otimismo, porém um otimismo "com os pés no chão". Nós criadores, às vezes somos tomados por uma tendência que nos distancia da razão e nos faz agir por emoção. Talvez uma parte do bom desempenho comercial do gir leiteiro no ano passado possa ter sido conduzida por atitudes não muito racionais, contudo, esta "irracionalidade", que eu prefiro chamar de "risco" é parte importante de qualquer crescimento.

Analisando os números do ano passado, assusta-se com a quantidade de leilões de gado gir e a quantidade de doses de semem comercializadas em relação às outras raças. Existe algo de "forjado" nisto? Não acredito!Existe sim um "boom" da raça. E existem muitos interessados em que este "boom" se neutralize!
Nós criadores, não devemos permitir que o excelente ambiente no qual vive o gir nos dias de hoje seja prejudicado.

Há mais de 30 anos atrás, no final da década de 60 assisti ao meu saudoso avô mandar para o matadouro um touro gir, o Laranjo, que já servia há algum tempo em sua fazenda produzindo um gado rústico, pesado e produtivo, trocando-o por um holandês que, apesar de produzir animais mais leiteiros, diminuiu em muito a rusticidade do rebanho e aumentou os custos da produção.
Naquela época, um meu tio avô que criava gir na região de Pitangui - MG, mais pecisamente na cidade de Leandro Ferreira, era tido como um retrógado por toda a família porque insistia na criação de um gado que somente tinha um "tipo bonito", mas que era um gado ultrapassado.

Hoje, colhendo os frutos do trabalho de selecionadores de genética, alguns há mais de meio século, o gir reencontra a sua vocação no Brasil: Produzir animais para a produção de leite nos trópicos e também manter a aptidão para a produção de carne - isto mesmo - ao pequeno produtor interessa ter animais leiteiros que possuam uma carcaça produtiva quando do momento do descarte.

Não é raro encontrar-se o absurdo de ver-se touros nelore servindo vacas leiteiras, buscando a produção de bezerros com precocidade para o crescimento, enquanto as mães sustentam a atividade leiteira. Ocorre que o criador não consegue repor o rebanho leiteiro e gasta somas elevadas para a aquisição de outras vacas. Temos que trabalhar para disseminar novamente a introdução de touros gir nos rebanhos leiteiros e julgo que esta é a saída para o baixo preço praticado ainda nas vendas de tourinhos gir.

Fala-se muito em produções leiteiras fantasiosas, obtidas às custas de um manejo extremamente caro e com técnicas discutíveis. Contudo, estas produções elevadas não existiriam se a genética não estivesse aprimorada. Aos que criticam as produções elevadas, sugiro tentar produzir leite com um animal sem aptidão leiteira: gasta-se fortunas com concentrados e substãncias lactogênicas e não se consegue "tirar água de pedra".

Acredito na genética que produz acima de 10.000 Kg de leite, realmente com custos mais elevados, para produzir animais que forneçam 5000 Kg em condições de manejo barato, ou seja, em regime de pasto.

Tenho certeza de que o trabalho até hoje feito no Gir não está ameaçado, como têem apregoado muitos. Vamos ter um 2010 muito favorável ao Gir. É só esperar a poeira assentar.

Modestamente, permito-me parabenizar ao José Mário pelo conteúdo da entrevista e ao Rosimar pelo trabalho em prol da raça. Vamos em frente... precisamos de otimistas com os "pés no chão"!

Luiz Carlos Rocha Macedo
Gir Santa Cruz
Santa Bárbara do Monte Verde-MG