24 de fev. de 2009

Teste de Progênie Girgoiás



Prezado Rosimar,


"Estou conhecendo o seu blog mais de perto e noto que é realmente um espaço democrático sobre gado gir. Vi que há uma enquete sobre o teste de progênie Girgoiás. Resolvi comentar o assunto e tomei a liberdade de copiar o dr. Ivan, o dr. Rui Verneque da Embrapa e o pessoal da ABCGIL.

Torço bastante para que o resultado do teste de progênie Girgoiás seja proveitoso. Que um "Dalua do Roza" (uso o seu touro como exemplo) seja provado como leiteiro. Isso abriria novas opções de linhagem, o que certamente aumentaria o ganho genético do rebanho nacional e a variabilidade dos acasalamentos. Por exemplo, analisando o pedrigree do Dalua, vejo que há pouca ou nenhuma consaguinidade com as minhas vacas, que são todas originárias de touros provados pela Embrapa/ABCGIL.

No entanto, sabemos que o teste de progênie é um procedimento caro e de longo prazo. Lendo a história do teste da Embrapa/ABCGIL vemos como foi difícil a implantação e consolildação do programa, inclusive com relação à viabilidade financeira.

Além disso, sabemos que a confiabilidade dos resultados depende bastante do número de filhas e de rebanhos avaliados. No site girbrasil foi publicada a algum tempo uma reportagem de um pesquisador americano questionando a confiabilidade de teste de progênie com menos de 100 filhas avaliadas por touro. O programa de avaliação da ABCGIL não chegou a esse índice. Certamente o da Girgoiás também não chegará.

Para um comprador de sêmem como eu, vejo dificuldades em ter tantos programas de avaliação. Imaginem que estivesse analisando o catálogo de touros de uma Central de Inseminação. Em uma página vejo um touro provado pela Embrapa/ABCGIL com PTA de 300 kg. Noutra vejo um touro provado pela Embrapa/Girgoiás com PTA de 350 Kg. E na seguinte vejo um touro provado pelo Sumário ABCZ/Unesp com PTA de 600 Kg.

Qual deles é o mais leiteiro? Como estabelecer comparações entre eles ? E as características de conformação e manejo, que considero importantes num sistema de ordenha mecânica ?
Diante desses argumentos, gostaria de sugerir que caminhássemos para a unificação dos programas. Concentraríamos os recursos disponíveis para a execução, ganhando em escalabilidade. Aumentaríamos o número de filhas dos touros e de rebanhos avaliados, melhorando a confiabilidade dos resultados. Teríamos uma única publicação de resultados, o que permitiria a comparação correta entre touros.

A Girgoiás já está aceitando touros de outros Estados. A ABCGIL alterou os critérios de seleção de touros no ano passado e passou a aceitar a participação de linhagens diferentes, além de flexibilizar a exigência de uma determinada produção das mães de touros. A meu ver, são ações no caminho certo.

De início, poderíamos estabelecer "rebanhos de ligação", com avaliação de filhas de touros dos dois programas. No livro Grandezas do Gir Leiteiro, do dr. Ivan, na página 73 existe uma figura que explica bem essa possibilidade de conectividade de avaliação entre touros, o que assegura a confiabilidade da avaliação.

Acho que essa medida seria bastante positiva para o crescimento da raça. Já diz o velho ditado: a união faz a força".

Um abraço,

José Luiz Costa
Fazenda Gramado
Corumbá de Goiás


2 comentários:

Anônimo disse...

O ideal seria isso mesmo, vai depender da 'boa vontade' tanto da ABCGIL como da GIRGOIÁS. Tenho certeza que a EMBRAPA tem condições de fazer a conectividade. De qualquer forma, se não ocorrer, saberemos que dentro de cada grupo haverá touros superiores dentro de cada uma das populações avaliadas, mas jamais poderão ser comparados. Da mesma forma o Sumário ABCZ/UNESP qdo solicitei para incorporar todos os dados do Arquivo Zootécnico Nacional, de posse da Embrapa Gado de Leite, com a finalidade de entrar animais que fazem controle leiteiro por outras entidades, aumentando assim a acurácia da avaliação e com menos vícios, principalmente tendo em vista serem rebanhos importantes de Gir Leiteiro que não estão sendo mensurados

Anônimo disse...

Resposta a pergunta de José Luiz Costa:

Girgoiás, desde o ano passado, está aceitando touros de outros Estados. Desta forma, o nosso programa de melhoramento genético da raça Gir deixa de ser regional e passa a ser nacional também. Isso graças a grande procura pelo teste de progênie Embrapa/Abcgil iniciado aqui. Devido também a nossa responsabilidade e credibilidade. Estamos abertos a receber touros de qualquer rebanho do Brasil.
É preciso apenas que esse animal atenda os nossos critérios para avaliação.
Gostaríamos de ampliar ao máximo o nosso teste. Servir o Gir nacional e internacional. Testar animais de linhagens alternativas que jamais teriam a oportunidade de serem testadas se não fosse a nossa iniciativa.
Um abraço.

Daniel Alvarince
Zootecnista e Técnico do teste de progênie Embrapa/Girgoiás.
Goiânia/GO