6 de dez. de 2007

Controle Leiteiro na mira de auditoria

Goiânia (GO) - A seleção de Gir no Brasil tem se destacado bastante devido ao avanço nos resultados obtidos na seleção. Dois fatores chamam a atenção. O resultado surpreendente do teste de progênie Embrapa/Abcgil e os resultados oficiais do controle leiteiro das fazendas que selecionam “Gir Leiteiro”.

Em mais de duas décadas de teste de progênie, vários touros já ocupam o podium de animais melhoradores. Mas a Controle Leiteiro das vacas é o item que mais chama a atenção dos especialistas.

O crescimento meteórico das lactações de alguns plantéis tem despertado a curiosidade e até a suspeita de que alguma coisa não está certa nesse processo. Mas tudo é muito difícil, pois são resultados oficiais do Ministério da Agricultura, por meio da sua delegada, a ABCZ – Associação Brasileira de Criadores de Zebu, que faz o controle, desde à pesagem na fazenda, o processamento dos resultados e a divulgação. Um processo que, teoricamente, não tem como ser manipulado.

Mas as suspeitas surgem e surgem onde menos poderia se esperar. A ABCZ está preocupada com isso e tem tomado medidas para diminuir as possibilidades de manipulação dos números das lactações das vacas brasileiras em controle leiteiro oficial. Para isso, está fazendo auditoria nas fazendas participantes, descredenciando técnicos suspeitos de facilitarem as fraudes e instituiu a esgota das vacas na presença do controlador um dia antes da pesagem.

José Olavo

Recentemente o presidente da ABCZ, José Olavo (foto), fez uma reunião com criadores de Zebu em Goiás, no auditório da SGPA – Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura, em Goiânia, onde anunciou que a ABCZ será intransigente para garantir a lisura do Controle Leiteiro Oficial. A entidade contratou uma empresa externa para fazer uma auditoria no controle de Ponderal e Pesagem do leite.

Segundo José Olavo, “as irregularidades serão punidas, chegando até a expulsão do criador do quadro de sócios da ABCZ”. No caso do Controle Leiteiro Oficial, o presidente levantou fortes suspeitas de que existem irregularidades nos números divulgados ao afirmar que “não é possível essas lactações que estão aparecendo, está fora da realidade”. Ainda bem que a própria ABCZ está duvidando dos seus números. Ainda é tempo de moralizar esse controle leiteiro. Para nós criadores de Gir, essas medidas são extremamente importantes para a moralização da atividade de seleção de Gir no Brasil.

Não é possível conviver com esse mundo da fantasia (ou da mentira). Isso de alguma forma prejudica o crescimento da raça. Existe aqueles que acreditam nos números fantasiosos e compram animais com expectativas que jamais se confirmam e existe outros tipos de criadores que não acreditam e ainda fazem uma contra-propaganda da raça. Ambos os casos têm acontecido.

Teste de Goiás

Segundo o Superintendente Técnico-Adjunto de Melhoramento Genético, Carlos Henrique Cavallari Machado, a ABCZ tem interesse no fortalecimento e crescimento do Controle leiteiro Oficial. Segundo ele, “A ABCZ não cobra nada para fazer o controle, os custos são para o controlador”.

Sobre isso, a Girgoiás – Associação Goiana dos Criadores de Gir, presente nesta reunião, solicitou da ABCZ amplo apoio para a realização do Teste de progênie Embrapa/Girgoiás, com os touros dos criadores de Goiás, principalmente na busca de mecanismos e facilidades para que o maior número possível de criadores do Estado participe do Controle Leiteiro.

Segundo Emílio da Maia de Castro, presidente da Girgoiás, os custos com o Controle Leiteiro é um entrave para sua efetivação em Goiás. Por isso, propôs à ABCZ um convênio com a Girgoiás para que a ABCZ treine e credencie novos técnicos em vários municípios do Estado para diminuir os custos com os controladores. O presidente José Olavo disse que fará tudo que for possível para o desenvolvimento da pecuária leiteira nacional e Carlos Henrique Cavallari Machado disse que “a ABCZ tem interesse em participar do teste de progênie Embrapa/Girgoiás”.

A Girgoiás agora tem a responsabilidade de apresentar propostas que garantam a continuidade do teste, principalmente garantindo que todas as fazendas colaboradoras do teste façam o controle leiteiro, porque sem ele, o teste não tem razão de existir.



6 comentários:

Anônimo disse...

Caros amigos.
O dever de todo criador é ser honesto, consigo mesmo e com aqueles com que dividem sua genética e fazem seu negócio girar.
Opinião pessoal:
Acredito em altas lactações na raça gir,(e elas de fato existem) principalmente quando vindas de criadores com vários anos de seleção voltada para o leite, e de criadores que acreditam no potencial leiteiro da raça.
O gado gir vem sendo submetido a intensa pressão de seleção, e nao é de se assustar que "alguns exemplares" exibam lactaçoes diferenciadas, devemos também frisar de que este tipo de gado está submetido a um regime especial, e que estas lactaçoes estão demonstrando nada mais de que o potencial genético de matrizes especiais dentro da raça, potencial genético este que deve ser difundido, nunca invejado.
O gado gir'tem a característica leiteira entranhada em suas veias, alguns criadores vem selecionando há tempos para exacerbar estas características, oque ao meu ver é primordial quando se adota uma meta dentro da seleção. As lactaçoes altas devem ser acompanhadas isto é um fato, e quando confirmada a veracidade da capacidade produtiva, deve ser aplaudida!

Anônimo disse...

Caros amigos.
O dever de todo criador é ser honesto, consigo mesmo e com aqueles com que dividem sua genética e fazem seu negócio girar.
Opinião pessoal:
Acredito em altas lactações na raça gir,(e elas de fato existem) principalmente quando vindas de criadores com vários anos de seleção voltada para o leite, e de criadores que acreditam no potencial leiteiro da raça.
O gado gir vem sendo submetido a intensa pressão de seleção, e nao é de se assustar que "alguns exemplares" exibam lactaçoes diferenciadas, devemos também frisar de que este tipo de gado está submetido a um regime especial, e que estas lactaçoes estão demonstrando nada mais de que o potencial genético de matrizes especiais dentro da raça, potencial genético este que deve ser difundido, nunca invejado.
O gado gir'tem a característica leiteira entranhada em suas veias, alguns criadores vem selecionando há tempos para exacerbar estas características, oque ao meu ver é primordial quando se adota uma meta dentro da seleção. As lactaçoes altas devem ser acompanhadas isto é um fato, e quando confirmada a veracidade da capacidade produtiva, deve ser aplaudida!

Anônimo disse...

Caro Rosimar, primeiro lhe cumprimento pela iniciativa de seu Blog, alem de democrático o mesmo presta um grande serviço para raça Gir. A questão do controle leiteiro é simples: vamos esquecer as frações e vamos em números redondos: 16.000 : 305 dias = 52,45 quilos dia. Creio que esta marca não foi cravada em nenhum torneio leiteiro oficial onde se sabe que a vaca é super "preparada". Se se considerar a quebra da lactação teriamos que iniciar esta lactação com mais de 80Kg dia. Eu não acredito em Papai Noel. Um dos criadores mais sérios do Brasil sem dúvida alguma é o Dr. Marcelo Morais de Abaité/MG., alem de sério é proprietário de um gado Gir de raça inquestionável. O mesmo deixou de participar dos controles oficiais ao argumento de que o gado dele não toma qualquer tipo de estimulante e não teria como concorrer com outros. Assim, acredito que não só auditoria independente, deveriamos estimular a análise do leite. O Gir que o Brasil necessita é aquele que produz leite a pasto, sem aplicação de qualquer tipo de susbstância estimuladora de produção, adaptado a nossa realidade. A raça Gir tem muito para evoluir neste campo, porém a luta é no campo da genética.

Unknown disse...

A providência anunciada pela ABCZ é excelente. E, pelo que se sabe do nosso presidente (Zé Olavo), ele comprou uma "briga" dura de roer.Briga de "cachorro grande", cmo vulgarmente se diz. È sarna prá coçar. E porque Porque a seleção leiteira deve ser conduzida com absoluta seriedade, submetendo-se a muitas e inúmeras condicinantes, inclusive de carater científico. Como fazer uma raça, ou ainda, plasmar uma linhagem sem a utilização de um prcesso de consanguinidade bem dirigido ? Pelo que se tem conhecimento, no gir eleiteiro só existe heterose. E quem quer ganhar dinheiro, esse é o rumo: heterose. Quem sabe este passo inicial do nosso presidente poderá alavancar uma solução definitiva para a questão ? Colocar o gir leiteiro em seu verdadeiro lugar: zebú leiteiro que é um velho trabalho já iniciado pela associação desde a década de 1940 e não sei, pelo menos eu, porque não teve seguimento. Parabéns Dr. José Olavo. A você e sua equipe e especialmente ao companheiro Paulo Ferola. Feliz Natal a todos !!!

Unknown disse...

Dr. Jose Olavo: a sugestão que fiz faz desaparecer uma incoerencia. É a seguinte: gir padrão e gir leiteiro. O padrão é uno. Ou é gir ou não é gir. Demais disso, a manutenção do rótulo (gir leiteiro) é meramente comercial e por isso mesmo indefinido.

Unknown disse...

Olá caros amigos giristas.
Sou criador de gir leiteiro em Pompéu-MG e médico veterinário formado pela UFMG e pós-graduando em Bovinocultura de Leite pela Puc Minas.

Deixo primeiramente aqui meus cumprimentos ao José Olavo pela iniciativa da Auditoria...
Reflexões que julgo importantes: O que valorizamos em nossa raça? Resposta óbvia: a rusticidade, a adaptação ao clima tropical e às nossas pastagens (a capacidade de converter fibra de baixa qualidade em leite,ou seja, produção econômica a pasto).O modo como o controle leiteiro é conduzido por criadores a fim do "marketing" de seus animais e a própria exigência de lactações superiores a 5.000 kg em 305 dias para o ingresso de touros no teste de progênie condizem com o propósito da raça gir? Tenho lá minhas dúvidas.

A obrigatoriedade para perseguir essas metas, a meu ver, estimula o uso de "estratégias" artificiais (uso de hormônios que desencadeiam aumento na produção de leite e prolongam a lactação, aumento do período de serviço e do intervalo entre partos com intuito de que a lactação não decline, a superalimentação do animal, podendo inclusive predispor a desordens metabólicas, etc.). Além disso, podemos no futuro pagar caro por negligenciar certas características fundamentais (reprodução, pernas e aprumos,úbere, etc. ) em prol de uma maior produção de leite dos nossos animais, ou seja, o gir pode se “holandesar”.

Vejo, assim, a necessidade de uma reavaliação de critérios, de forma justa e de acordo com a fisiologia e bem-estar do animal para que o controle leiteiro bem como a nossa própria raça não tenham a credibilidade contestada.

Luís Gustavo Rabelo Xavier