7 de fev. de 2008

Marcadores Moleculares do Gir

Goiânia (GO) – A conversa agora é marcador molecular. Assim como a raça holandesa desfruta dessa ferramenta para sua seleção, o Gir também entra na era do genômica.

Não dá mais para fazer uma seleção de Gir com base somente na aparência externa (fenótipo), na analise de pedigree e com base na produção exclusiva de leite dos parentes. Essa seleção tradicional está sendo colocada em cheque pela Seleção Assistida por Marcadores Moleculares.

Essa é, ainda, uma área nova do conhecimento. Mas os pesquisadores e empresas de biotecnologia estão se esforçando para desvendar o mundo do genoma. Conhecer as profundezas dessas combinações e saber tudo sobre herança genética. Esses conhecimentos associados a outros, podem tornar a pecuária mais eficiente na produção de animais com características econômicas desejadas.

Mas já podemos saber se um animal será leiteiro no mesmo dia que nasce. Não precisa esperar crescer e começar a produzir e muito menos fazer uma simulação com base nas informações de PTA´s de parentes, como pai, avô e etc. Esse potencial genético agora pode ser identificado e quantificado por meio dos marcadores moleculares, que são características de DNA que diferenciam dois ou mais indivíduos e são herdadas geneticamente.

Atualmente no mercado brasileiro têm empresas que fazem o DNA dos animais e identificam o perfil genético por meio de Marcadores Moleculares para características produtivas e prevê até algumas doenças transmitidas geneticamente.

As ferramentas
Antes foi a IA – Inseminação Artificial. Um avanço no melhoramento genético. Depois as transferências de Embriões com TE e Fiv. Sem contar com o teste de melhoramento Genético da Embrapa/Abcgil, que mudou a cara do Gir nos últimos 20 anos.

Mas agora não da mais para falar em seleção sem olhar para dentro do baralho genético, para dentro de cada cromossomo, para ler o valor das cartas que queremos combinar, adequadamente, para atingir os objetivos desejados.

O avanço da genética molecular e das ferramentas da tecnologia do DNA tornou possível “enxergar além das aparências” externas e buscar no DNA dos animais as informações de interesse para a seleção.

Marcadores Moleculares do Gir
Já é possível de se ter o perfil genético de um animal da raça Gir no Brasil pelo preço de R$ 80,00. Essa nova tecnologia, até certo ponto, revolucionária e que pode aumentar a produtividade na pecuária foi trazida pela empresa Merial Saúde Animal com o nome comercial de Igenity (leia-se “aigéneti”). O perfil Igenity é a ultima palavra em marcador molecular da raça Gir. Tem também para outras raças.

No caso do Gir, esse trabalho todo começou com o saudoso Luiz Martinez, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora (MG), falecido no ano passado, na cidade de Salvador (BA). Martinez iniciou o trabalho de mondar um grande banco de dados do Gir Leiteiro, basicamente dos animais que participaram do teste de progênie Embrapa/Abcgil.

Segundo a revista DBO Rural, a Merial trabalhou 22 meses para chegar na versão final do Igenity. A DBO informar também que a Merial não diz quanto gastou para desenvolver a tecnologia e nem a previsão de receita com o Igenety. Para Henry Berger, gerente do Projeto Igenity, “estimativas de receitas consolidadas, só em meados de 2008”. Esse trabalho envolveu a Embrapa Gado de Leite, com o seu banco de dados, Viçosa (MG), UFMG, Esalq, Unesp e Merial.

Para a raça, os marcadores Igenity incluem produção de leite (kg), produção de gordura (kg) e produção de proteína (kg), proteínas do queijo, tais quais caseínas e lactoglobulinas, doenças genéticas como BLAD, DUMPS e CVM - saiba mais sobre essas doenças - e identificação de paternidade.

Para facilitar a compreensão e aplicação do perfil Ignety, ou perfil genético da raça Gir, a Merial criou uma tabele com escores de 1 a 10 para produção de leite, gordura e proteína. Veja tabela abaixo:

Segundo o site da Merial, “Uma vez que as análises Igenity identificam uma base molecular de DNA específica em cromossomos específicos, os resultados são extremamente precisos”

Vantagens
Segundo Mário Luiz Martinez, ex-pesquisador da Embrapa Gado de Leite, os marcadores moleculares são de maior presicão, já que não são influenciados pelo meio ambiente, ou seja, não depende, por exemplo, de controle externo, como a tradicional turbinagem de vacas com hormônios e alimentação. Além disso, existe um aumento no ganho genético pela possibilidade de seleção de um maior nº de animais e.uma redução no intervalo entre gerações. Também independe do sexo, pois um touro pode ser mapeado para produção de leite, não dependendo do resultado de suas filhas.

Segundo a Merial, o Igenity não substitui os PTA`s, nem os testes de melhoramento genético, “o perfil Igenity para gado de leite é um importante complemento às PTAs e outras ferramentas de seleção, que juntos podem resultar em maior precisão na seleção dos animais. As PTAs, como instrumento qualitativo de seleção, engloba algumas características (como conformação, cascos, pernas, úberes, etc.) que não são contempladas pelos perfis Igenity. Assim, os produtores deverão continuar selecionando touros para suas vacas através das PTAs disponíveis nos diversos sumários de touros, complementando esta escolha através do conhecimento do perfil genético Igenity que dará completa precisão na eleição dos genes favoráveis que queremos em nossos rebanhos”.

A Embrapa e a Merial estão colhendo mais informações na regiões do genoma do Gir associadas às deferentes características de produção de leite, seus constituintes e reprodução.

Os números do Gir no Igenity
Segundo Henry Berger, gerente do Projeto Igenity, “os testes de validação mostraram que a média do mérito genético para produção de leite da vacada Gir avaliada foi de aproximadamente 2.750 kg/lactação; ao mesmo tempo, a média genotípica encontrada na raça Gir foi escore 6. A tabela do escore Igenity mostra que, em termos de potenciais genéticos, vacas de escores 7, 8, 9 e 10 têm potenciais para produzir, acima da média da população, 134, 272, 413 e 571 kg respectivamente (estes valores correspondem à estimativa do escore, menos a estimativa do escore médio da população). Por outro lado, animais de escores menores têm potenciais menores de produção e poderão levar a um "pioramento" genético; assim, é fundamental o conhecimento dos potenciais dos touros e vacas doadoras, além, é claro, das novilhas de reposição”.

Na Frente
Em Goiás, o primeiro criador de Gir a iniciar a genotipagem dos seus animais foi Gilmar Cordeiro (foto), da Fazenda Iporê, em Goiânia. Gilmar mandou fazer o perfil Igenitu de alguns dos seus touros e o resultado foi surpreendente, todos tiveram escore 6, ou seja, estão dentro da média do Gir leiteiro, “portanto, lembra Gilmar, meus touros, pela perfil Igenity são touros leiteiros’. Em breve Girbrasil mostrará ampla reportagem sobre o perfil Igenity dos touros de Gilmar.

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