10 de jan. de 2008

"Gir Padrão" - O debate - Parte II

Caro Rosimar Silva,
Tenho acompanhado o blog, principalmente o prolatado "Gir Padrão" - O debate.
Fiquei muito preocupado com esta situação e veio a seguinte pergunta: Será que é hora de discutir este assunto, ou será que precisamos nos unir para criar um diferencial competitivo para a raça.
E até mesmo, será que os criadores de GIR sabem o que é competitividade?
Falo isso porque antes de comprar as minhas primeiras novilhas GIR, realizei uma verdadeira pesquisa de mercado. Visitei alguns criadores da região de Goiânia, telefonei para outros, mantive contato através de e-mail e recebi as seguintes respostas:
-“qualquer uma das minhas bezerras valem R$3.000,00”
-”todo o meu gado já nasce registrado”.
- “qualquer um dos garrotes valem R$5.000,00”.
- “as minhas bezerras não estão a venda e nem deixo fotografá-las”.
- “por telefone não converso, somente pessoalmente”.
-”por telefone não falo preço, venha conhecer os animais”.
-”as minhas novilhas custam R$8.000,00 (MG)”.
Qual é então a estratégia para a raça GIR, popularizar ou elitizar. Para Porter, a maior autoridade em estratégia competitiva, ou seu produto é líder em custo (menor preço – Ex. veículo popular), é o melhor em qualidade (mais atributos – Ex. veículo completo) ou é muito específico para um segmento (Ex. uma Ferrari). Assim, onde estaremos ou onde queremos chegar com o nosso GIR.
Creio que esta, sim, é uma discussão que resultará em algo positivo para a raça, principalmente para os pequenos e médios produtores que precisam de um gado forte, resistente, rústico, bom de negócio e que os motivem a substituir os cruzamentos europeus por um rebanho caracterizado com a raça GIR.
Veja só o que está acontecendo com a maioria dos pequenos criadores do interior de Goiás, pois, estão usando reprodutores NELORE para valorizarem seus produtos e não perderem muita competitividade.

Fica então o meu desabafo:
Quem está ganhando dinheiro com o GIR?
O GIR é viável economicamente e poderá gerar negócios para o pequeno e médio criador com a elitização da raça?

Um grande abraço.

Antonio Henrique Braga
Criador de Gir em Ouro Verde de Goiás
Gerente Comercial dos Correios de Goiás
Coordenador do Curso de Administração de Empresas
Faculdades Objetivo - Goiânia

4 comentários:

Alzeir disse...

Colega girista Antonio Henrique Braga :
Em minha avaliação, quem ganha dinheiro com Gir são os seguintes pecuaristas :
- Alguns poucos criadores antigos; de gir padrão ou leiteiro; ou seus sucessores, que ao longo de décadas forjaram verdadeiras grifes, e com todo merecimento conseguem vender bem boa parte de sua produção.
Além dêstes, as centrais de sêmen, que juntas com alguns poucos criadores, vendem muita ilusão com as meias verdades estampadas em seus catálogos.
Como suas palavras deixam entender que você não se enquadra nem em uma nem em outra das possibilidades anteriores; do mesmo modo que eu; só tem uma maneira de você ganhar dinheiro com o Gir:
Quando você tiver uma boa quantidade de vacas bem bonitas e raçudas (se você já tiver melhor ainda), cruze-as com Touro Holandes num ano e com Touro Gir no ano seguinte. A partir daí não faltará em sua fazenda gado que dá lucro.
Importante lembrar que o dinheiro ganho não deverá ser comparado com o faturamento de quem negocia com carros populares, mas será um bom dinheiro.
Em minha experiência, que não é tanta e pode não ser a melhor, todo girista sempre terá algumas vacas Gir dando leite no curral, mas serão poucas quando comparadas com o total do rebanho. Ganhar dinheiro tirando leite, só com Girolandas, sendo que aqui em casa só as que vão até 5/8.
Mas um conselho que te dou é para que você não se aconselhe com ninguém quando for fazer as coisas. Visite muitas fazendas e observe, observe muito e depois tire suas conclusões.
E para terminar, se decidires visitar fazendas que criam Gado Gir, anote quantas delas tiram boa quantidade de leite só de vacas Gir soltas no pasto comendo apenas capim e mais algum concentrado, que nem Girolandas. Se encontrar alguma desse jeito eu gostaria de conhecer.
Vaca Gir existe para ser amada pelos Giristas e cruzada com Hoandes.
Desejo toda ventura em sua nova atividade, que apesar de tantas controvérsias e dissonâncias, tenho certeza te dará muitas alegrias e amigos.
Saudações Girista.
Alzeir Campanati Antunes.

Anônimo disse...

Prezado Antonio, cada criador estabelece um preço. Entendo que cabe ao "comprador" pesquisar e encontrar as melhores opções.
Já vi muito gado LA com ótima caracterização e produção com preços bons bem abaixo do que vc menciona. omo também já vi muito embrião sexado de ótima procedência em torno de R$ 1.500,00. O negócio de garimpar.
Agora imaginar ficar "milionário" vendendo gado Gir é difícil. Mas ganhar dinherio e viver bem já não é tanto. Seja com gado puro, girolando ou cruzamentos. O negócio é adequar a sua produção ao mercado que vc tem disponível.

Sten Johnsson
Rio de janeiro

Anônimo disse...

Caro Sten Johnsson

Obrigado pelos comentários e pelas dicas.

Realmente Você tem uma visão privilegiada do negócio criação de Gir.

Quando falo assim até parece que somente peso em viabilizar financeiramente a minha criação. Mas, não é isso. Primeiro eu sou apaixonado pela raça (nasci e fui criado em UBERABA).

Estou ouvindo todos e no momento certo vou tomar a melhor decisão e com certeza V. Sa está me ajudando.

Um grande abraço.

Obs.: se possível mande-me fotos de sua criação.

Antonio Henrique Braga
www.papirusassessoria.com.br

Anônimo disse...

Antonio Henrique, obrigado, mas eu diria que tenho uma visão de bom senso apenas e fundamentada nos 40 anos que venho me interessando por pecuária leiteira (comecei que eu me lembre com 5/6 anos acompanhando meu avó ao curral)
O que aprendi ao longo desses anos, inclusive com vários familiares vivendo de pecuaria leiteira e recria no estado do RJ, embora eu mesmo não viva de pecuária (so um lazer ate agora)é que muitos são aqueles que criam gado puro (qualquer raça)para sair bem na foto. ganhar prêmio em exposição, criar circulo de convivência, desestressar, ganhar incentivos fiscais, e hoje em dia eu diria ate mesmo "esquentar dinheiro" e fazer marketing (essa pirâmide atual do Nelore na minha opinião não tem outra explicação).
Mas esses criadores são "sazonais" ou temporários e assim que passa a moda ou surge algo novo "migram" do dia para a noite. Claro, alguns desses tem "capital" sobrando, a disposição e capital bem empregado sempre rende (ou não...mas isso não é problema para eles), de forma direta ou indireta.
Entretanto existe sim alguns, verdadeiros, que contaminam futuras gerações e assim o trabalho segue adiante. Um bom exemplo é a familia Do Sr. Rubico.
Mas, voltando a "vaca fria", nos dias de hoje criar uma grife é algo custoso, muito custoso e o "mercado" que sustenta grifes 9com qualidade inclusive) não é grande suficiente - portanto muito dificil.
Trabalhos como o da calciolândia, silvania, faz brasilia, irmãos machado (SC e Expoente), FAN, Campo Alegre, Poções - só para citar alguns é o resultado de décadas de persistência, dedicação e zelo pelo que fazem (seja nas "vacas gordas como nas magras").
A vantagem é que hoje nós temos acesso a genética que essa turma desenvolveu por custos baixos, seja através da inseminação artificial ou transferência de embrião. Trabalhar com genética sempre será um trabalho de longo prazo, de décadas pelo menos, e quem saiu na frente, se continuar a trabalhar bem provavelmente continuará na frente.
Mesmo assim acredito que "novos" criadores, pelos motivos que já mencionei acima podem fazer um grande trabalho, e podem também alcançar sucesso até com alguma rapidez. Agora, "viver" de genética é consequência, primeiro o pecuarista tem que "viver" do que é capaz de produzir, competindo no "mercado" existente, segundo as regras e condições existentes.
Criar Gir? SIM, claro, mas norteado sempre pelo bom senso, como em qualquer outra raça ou negócio. Com planejamento, estratégia e competência.
E cabe observar, que um pecuarista hoje antes de tudo é um agricultor e um nutricionista - não existe pecuária moderna sem pasto cultivado ou pelo menos cuidado, sem plantio de culturas, sem manejo de solo, sem administração de negócio, de recursos humanos...não basta genética ou pedegree (registro de animal)!