29 de out. de 2009

"Não podemos cobrir um santo, descobrindo outro!!!!!"


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Prezados leitores,


Gostaria de tecer alguns comentários a respeito do artigo "Fuja da Endogamia: GGir" publicado aqui em Girbrasil, visto ter meu nome citado no mesmo.

Nós da ABCGIL realmente estamos preocupados com a endogamia como estão todos os que conduzem programas de melhoramento genético em qualquer espécie. Pela metodologia científica utilizada atualmente há uma "preferência" pela seleção dentro de famílias e isso leva a um aumento na endogamia.

Para conseguirmos enfrentar tecnicamente o problema, foram criadas os 10% de vagas destinadas à touros considerados nova opção. Estes touros, porém, devem ser filhos de touros com avaliação genética e de mães com controle leiteiro oficial e também avaliadas. Não podemos cobrir um santo, descobrindo outro!!!!! Isso significa que não podemos atuar de maneira a diminuir a velocidade do aumento da endogamia comprometendo o ganho genético do programa através da utilização de animais sem nenhum tipo de informação leiteira.

A ABCGIL, em parceria com os estudantes de doutorado em melhoramento genético animal Rodrigo J. Pereira e Mário L. Santana Jr irá lançar durante a Feileite 2009 o programa Cazal que utiliza os dados de pedigree dos touros avaliados pelo Programa ABCGIL/EMBRAPA fornecendo o mérito genético dos acasalamentos para as características que constam no sumário assim como o coeficiente de endogamia do acasalamento. Esse programa será fornecido aos associados e com certeza será uma ferramenta muito importante para a seleção do Gir Leiteiro.

O Dr. João Cruz R. Filho, na sua dissertação de mestrado, trabalhou com a endogamia do Gir Leiteiro e desenvolveu um importante trabalho em que os touros positivos para leite no sumário ABCGIL/EMBRAPA e ABCZ/UNESP tem o seu coeficiente de "relacionamento" com as matrizes ativas da raça Gir Leiteiro calculados e esse trabalho em breve também será disponibilizado aos selecionadores buscando fornecer sempre o máximo de ferramentas técnicas para o controle da endogamia na população.

Quanto ao Programa de Goiás em parceria com a ASSOGIR, que é muito importante para a raça, apenas poderá trazer benefícios no controle da endogamia se for conectado com o da ABCGIL/EMBRAPA. Se isso não ocorrer, os PTAs dos touros dos dois programas não serão comparáveis e isso inviabiliza a troca de material genético entre as populações sob seleção.

Atualmente, a endogamia é um dos temas mais importantes no que diz respeito à seleção de raças leiteiras e a equipe ABCGIL/EMBRAPA coordenada pelo Dr. Rui Verneque (EMBRAPA/CNPGL) está trabalhando ativamente na busca de soluções que minimizem o aumento da endogamia no Gir Leiteiro.

Deixamos aqui a nossa cordial saudação aos leitores desse importante blog e nos colocamos à disposição para qualquer tipo de esclarecimento.



Atenciosamente,






Anibal Eugênio Vercesi Filho
Diretor Técnico - ABCGIL

Um comentário:

Rui disse...

Parabéns ao Dr. Aníbal pelos comentários esclarecedores aos leitores e criadores.
Complemento informando que as equipes técnicas estão sempre conectadas à questões que possam levar a possíveis prejuizos ao melhoramento genético. É claro que a endogamia pode levar a problemas indesejáveis especialmente nas questões reprodutivas dos rebanhos. Estamos há anos procurando atualizar o arquivo de pedigree da raça Gir para poder estimar a endogamia de forma mais precisa possivel. Os recursos de informática existentes atualmente nos possibilitam estimar não só a endogamia média, como também o impacto da endogamia em um possível acasalamento. Portanto, a endogamia está totalmente sobre controle.
Gostaria de lembrar, no entanto, que a endogamia não deve ser encarada exclusivamente no aspecto negativo. Aliás, ela pode constituir um importante procedimento de melhoramento genético.

Atenciosamente,

Rui da Silva Verneque