Por Rosimar Silva
2008 foi um ano bom para o Gir. Novos investidores, grandes exposições, milhares de novos criadores entraram no Gir em todo o Brasil e a tônica foi a entrada dos grandes investidores e pecuaristas na raça.
Em Goiás foi o ano da consolidação do teste de progênie Embrapa/Girgoiás, realizado em parceria da Embrapa Gado de Leite e a Associação Goiana dos Criadores de Gir. Nesse ano também foi anunciada a criação do Moet (múltipla ovulação e transferência de embriões) de Goiás, que passa a funcionar pra valer agora no início de 2009.
Esses dois programas: teste de progênie Embrapa/Girgoiás e Moet são de extrema importância para o Gir nacional. Não só para o Estado de Goiás. Mas para todos os criadores brasileiros, pois propiciará a descoberta de novas linhagens leiteiras, que vão contribuir decisivamente para ampliar a base genética do Gir leiteiro brasileiro, que está cada vez mais consangüíneo.
Por isso, acredito que essas ações de Goiás devem ter o apoio nacional, das criadores, das entidades e do governo. O teste de progênie Embrapa/Girgoiás não é mais somente de Goiás. Desde a 3º bateria que o Estado recebeu touros de outros Estados para serem testados. O teste de Goiás está consolidado como um teste nacional, de interesse nacional de participação nacional. Isso é muito importante.
Agora temos o Moet, outra iniciativa dos goianos com o apoio da Embrapa Gado de Leite, do Cenargem, da Embrapa Cerrados e da Embrapa Arroz e Feijão, todas esses organizações unidas com a Girgoiás para desenvolver esse importante trabalho em beneficio da pecuária leiteira do Brasil.
As organizações
Do ponto de vista das organizações, a raça Gir vai bem. Lamentamos apenas a situação da Assogir – Associação Brasileira de Criadores de Gir - que termina o ano indefinida quando ao seu futuro. Foi instalada uma disputa interna e não se sabe no que vai dar. A entidade está acéfala, não participa da vida nacional da raça e permeia por disputadas políticas.
Espera-se que essa situação da Assogir possa ser resolvida logo nos primeiros dias do ano de 2009, com a realização de uma Assembléia Extraordinário, oportunidade em que o bom senso deve prevalecer entre os seus atuais e futuros dirigentes.
A Abcgil cumpre o seu papel de organizar e promover os criadores vinculados ao Gir Leiteiro. Ampliou o número de associados, participou e promoveu grandes exposições, conduz o teste de progênie Embrapa/Abcgil e este ano conquistou uma sala dentro do prédio da ABCZ, uma vitória daquela entidade que passa a ter o reconhecimento da nossa entidade maior.
Em Goiás a Girgoiás trabalha para consolidar o seus programas de fomento da raça. Na Bahia o núcleo de criadores está crescendo e este ano eles fizeram uma grande exposição durante a Fenagro e dois grandes leilões com transmissão ao vivo pela televisão.
No Mato Grosso foi criada Associação daquele Estado com vistas a organizar e estimular o criatório matogrossense.
Médias
O grande debate nacional foi sobre os mega leilões e suas altas médias. Além dos importantes e chiques leilões realizados durante a Expozebu, na cidade de Uberaba, os criadores queriam mais e levaram os remates para os finos salões do hotel Copacabana Palace, no disputado leilão “Gir das Américas”.
Primeiro foi o leilão no “copa”, no Rio de Janeiro, que atingiu média de R$156.134,23. Depois foi o leilão Kubera Gallery, na cidade de São Paulo, que, apesar de alcançar média bem mais baixa, R$ 62 mil, foi importante pelo fato de ser feito dentro da capital paulista.
Embriões da Índia
2009 será o ano dos embriões produzidos, que já estão chegando. Vários cridores brasileiros estão produzindo embriões na Índia para trazer para o Brasil. Os embriões que chegaram neste final ano pertencem ao mega nelorista Jonas Barcelos, da Fazenda Mata Velha. Jonas lidera um grande condomínio que mantém matrizes Nelore, Gir e Guzerá naquele país para coleta de embriões para serem implantados aqui no Brasil.
A discussão, tenho certeza, será se o Brasil realmente precisa de sangue novo vindo da Índia. Digo isso, porque essa pergunta já se faz nas conversas entre criadores. Nesse caso existem os prós e os contra.
Já vou logo deixando minha opinião: não sou contrário a nada que seja novo e não me considero onipotente ao ponto de afirmar que não preciso de ninguém. Acho que esses embriões, essa nova genética indiana, serão bem-vindos ao Brasil e os criadores experimentados do Brasil saberão utilizá-lo bem, se lhes convier.
É certo que o Brasil está extremamente desenvolvido na seleção de Gir, mas não conhece todo o seu potencial interno. Ainda não testamos tudo que tem no nosso território. O Gir agora que está ganhando o seu verdadeiro caminho, que é a produção de leite. Mas uma longa estrada de seleção ainda deve ser percorrida. A contribuição indiana, neste momento, pode ser importante, como foi nas importações anteriores.
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