Direito de Resposta

Por Ivan Ledic, de Uberaba (MG)

Creio que é chegado o momento de sair de cena nessa discussão criada por meus artigos. Dessa forma, espero ter contribuído para o Blog GIRBRASIL, cujo objetivo é dar visibilidade de opiniões diversas e contribuir para o melhoramento da raça.

Creio que a discussão foi saudável e aprendi também com os criadores que participaram do debate. Minha intenção foi de reforçar qual deve ser o caminho seletivo no Gir. Tentei fazer isso com isenção, sem discriminação por um ou outro, apenas colocando pontos de vistas embasados na experiência, na pesquisa e vivência de uma vida dedicada ao Gir Leiteiro.

Espero voltar a contribuir com informações e artigos sobre resultados alcançados e mostrando o que de mais modernos está sendo executado por pesquisa com o Gir, nesse Blog, “o maior veiculo de fomento do GIR MUNDIAL”, como dito por um dos criadores. Agradeço a todos e ao Rosimar por seu trabalho.

Assim, com todo respeito e consideração, como direito de resposta aos questionamentos feitos, tenho a dizer:

1. Existe uma raça Gir, todavia os critérios de seleção formaram dois grupamentos distintos, um com biotipo leiteiro e o outro com biotipo carne ou de beleza estética.

Quanto ao Gir indiano, esse está mais próximo do biotipo do Gir Leiteiro em relação à caracterização racial, com cabeça e chifres semelhantes, assim como os grandes campeões Gir da Expozebu até a década de 50.

O Gir Padrão foi forjado aqui no Brasil, com caracterização que foge aos padrões indianos, com chifres 'penteados' e 'banana', que contribuem é para causar otite. Muitos desses animais apresentaram inclusive DNA mitocondrial taurus. Só mais um detalhe, todo mamífero produz leite, mas alguns apenas para suas crias, sem excedentes para alimentação humana.

2. Quando digo que o Gir Padrão deixou de existir, foi em sua função zootécnica, porque nem ponderal desse gado é feito para verificar capacidade de ganho de peso. Creio que quem possui gado Gir deve demonstrar que ele tem uma utilidade, para carne ou leite. Temos de deixar de falar em Gir Padrão e sim em Gir que produz. Creio que esse negócio de caracterização já deu o que falar. Tudo é Gir – está com ‘Caranguejo’ então foi aceito como PADRÃO. Existe sim é Gir sem dados ou provas de desempenho.

Espero e é o que todos nós queremos, assim como o mercado exige, é ver qualquer Gir com índices de produtividade mínima, de 2.100 kg de leite na lactação para os leiteiros e de ganhos de peso diários acima de 900 g e peso de abate aos 24 meses de 450 kg para corte. É simples, qualquer criador de gado tem de ter seus dados de produtividade para informar aos compradores ......

3. Acredito sinceramente que tem muito gado Gir por aí com grande potencial para produzir leite ou carne. É só mensurar, medir e selecionar. O resto é poesia e radicalismo - falta de fatos para argumentação.

Em Goiás tem gente organizada e com respaldo de técnicos tentando desenvolver trabalho para isso. Os resultados são de longo prazo e muito tempo já foi perdido com idéias retrógradas e vícios familiares de criadores que só se apegam em detalhes supérfluos de beleza e de pureza (ainda preciso aprender e saber como é que se mede isso).

Temos vários exemplos de criadores de Gir Leiteiro que até pouco tempo não faziam controle leiteiro e hoje tem um rebanho excepcional, sem terem comprado animais dos famosos do Gir Leiteiro. Selecionaram de sua própria linhagem. “Uma jornada se começa dando o primeiro passo”.

E não me venham falar em IGENITY^© – ainda excipiente para aclarar e ‘provar’. Apenas indica que o animal possue QTLs associadas com características produtivas. Animais com mesmo escore podem transmitir desempenhos desiguais, assim como ocorre com irmão completos (é básico em genética a segregação quando da formação dos gametas), entre outras coisas - como da expressão gênica, por exemplo.

4. Quanto ao Controle Leiteiro, esse é executado por Entidades e Técnicos Credenciados. Talvez fosse interessante e necessário adotar ‘monitoramento mais rígido’ e controles de supervisão, como é feito no Teste de Progênie por técnicos do PNMGL. Nos Torneios Leiteiros tudo é feito conforme as normas (com todo público presente acompanhando pesagens que chegaram até 47 kg em três ordenhas). Agora recentemente, foi liberado o uso de estimulantes nesses concursos.

Creio que os pecuaristas e o mercado é que falarão por si em relação a esse assunto, assim como ocorreu com a morfologia.

5. Quanto aos colegas de profissão, ‘cada macaco no seu galho’.

Ivan Luz Ledic

Médico Veterinário, MSc. em Melhoramento Animal,

DSc. em Produção Animal

ex-Diretor Técnico da ABCGIL e

Pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Leite

ivanluz@netsite.com.br