12 de abr. de 2009

Fernando Leite aponta os rumos do Gir Leiteiro



fotos: Rosimar Silva/Girbrasil
Padre Bernardo (GO) – Fernando Leite (foto), da Fazenda São Pedro da Barra, juntamente com a esposa, Maria de Fátima Costa Leite e o filho Tiago Leite, vão estrear na venda de Gir leiteiro por meio de leilão virtual hoje, dia 13 de abril, às 8:45 da noite, pelo canal Terraviva.

A família leite convida os criadores de Brasília e região para assistirem o leilão direto da churrascaria Pampa, ponto de encontro de criadores de Gir do planalto Central.

Tradição
Produzir leite e genética leiteira é uma rotina na vida de Fernando Leite. “são mais de 40 anos produzindo animais leiteiros de primeira linha”, informa Fernando.

A tradição leiteira da São Pedro da Barra, que fica na confluência dos rios Verde e Maranhão, vem de Pedro Neves Costa, conhecido pelo apelido de infância – Pery Costa.

Segundo Fernando Leite, Pery, mineiro nascido em Bom Desbacho (MG), “sempre se destacou pelo seu dinamismo e sua luta foi implantar um grande empreendimento próximo a Brasília, dedicado à produção de gado girolando, por ser produtivo e rústico, para atender os produtores da futura bacia leiteira da capital federal”.

As terras da Fazenda São Pedro da Barra foram adquiridas em 1963 e com muita luta, Pery implantou uma fazenda abrindo estradas, construindo pontes, fazendo pastagens e logo em seguido trouxe dos municípios de Bom Despacho, Curvelo e do Triângulo Mineiro matrizes da raça Gir. De minas também vieram os primeiros reprodutores da raça holandesa e em 1968 Pery já iniciava na inseminação artificial.

Pery foi um grande criador de Gir, chegou a possuir mais de mil vacas. Além de Gir, a fazenda se especializou na produção de matrizes girolando, “desde a sua fundação, nos já comercializamos mais de 20 mil fêmeas girolando (foto)”, conta Fernando Leite.

Em 2001, Pery Costa faleceu e coube a Fernando Leite e família continuar com o seu trabalho. O leilão de hoje é o resultado dessa nova fase do Gir leiteiro da Fazenda São Pedro da Barra.

Rumos do Gir
Fernando leite, além de produtor de leite e selecionador de Gir Leiteiro e Girolando, também é um pensador sobre os rumos do Gir leiteiro do Brasil

Segundo ele, a raça para ser competitiva e ser realmente a raça leiteira brasileira deve produzir bastante leite e atender as necessidades de produção do produtor de leite.

Para isso, considera que “o rigor com o tipo precisa ser revisto”. Segundo ele, “temos que nos preocupar com produção, precisamos de Gir produtivo, Gir sagrado é para a Índia”, prega.

Fernando não entende porque tanta preocupação com, por exemplo, o chifre do Gir. Para ele, “chifre não tem nada de funcional”. “Como – pergunta – vou manejar uma vaca banana (chifre em formado de espada) na ordenha?”.

Ainda sobre o chifre do Gir, Fernando Leite lança o desafio: “temos que admitir o Gir mochado”.

E, mais uma vez, indaga: “qual a seleção mais importante, para leite, ou para chifre?”. Diz que essas idéias não são provocações aos tradicionais criadores de Gir, mas – continua – “baseio minha seleção na funcionalidade. Por isso não veja nenhuma funcionalidade em um chifre grande e retorcido, não presta para nada, além da beleza, mas é um problema para manejo, dificulta na alimentação no cocho, na sala de ordenha e ainda é um facilitador da otite (doença comum no interior da orelha de animais da raça Gir)”.

Fernando diz que vê o Gir em grande escala, povoando os currais brasileiros, “pois somos um país de massa, precisamos pensar grande e o Gir precisa ser uma alternativa brasileira para a segurança alimentar do brasileiro, por isso deve ser prático e funcional”.

Momento do Gir
O criador goiano também chama a atenção para o momento de “grande visibilidade da raça”, ideal para discutir os caminhos da raça.

Diz que a raça holandesa, por exemplo, não compete com o Gir no Brasil por que tem três grandes problemas: casco, dificuldade com o clima e falta longevidade. “Você já pensou se a raça holandesa resolve esses três problemas por meio de pesquisa, aí não temos porque insistir com o Gir para produção de leite”, adverte.

Por fim, Fernando leite chama a atenção dos criadores e líderes da raça para investir em pesquisa e melhorar sistematicamente a raça, “aproveitar a grande credibilidade do memento e fazer as transformações necessárias e tornar o Gir leiteiro realmente competitivo, mas – adverte – será preciso enfrentar os tabus”, finaliza.



O rebanho de Gir leiteiro da Fazenda São Pedro da Barra tem genética comprovada dos principais planteis de gir do Brasil.





7 comentários:

Fazenda Petropolis disse...

Vemos que por meio desses comentários não temos um selecionador dentro da raça e sim MAIS UM criador pouco importando com os critérios de raça, que pra ser raça tem caracteristicas ja fixadas.
Gir é sagrado na india não é a toa, na india temos seleção de leite e a função social do mesmo assegurada a séculos. E frizo nao vai ser um qualquer criador que fará com que isso mude, nem na Índia nem no Brasil.
Vemos que por esses comentários ilógicos que o mesmo nao está querendo criar gir e sim girolando, gir pode ser belo, produtivo, com leite,com caracteristicas racias que a distinguem de outra raça, com manejo por ser uma raça muito docil, sem precisar de mochar os mesmos.
É com tristeza imensa que vejo esse comentário, pra nao dizer outra coisa.

Anônimo disse...

Concordo plenamente com o companheiro Fernando Leite. É necessário deixar de lado os tabus raciais e se preocupar com o que realmente interessa: produção de leite.
Temos também bastante experiência em produção leiteira comercial e enxergamos os mesmos desafios apontados por ele.

José Luiz
Fazenda Gramado
Corumbá de Goiás

SEJ Johnsson disse...

Compreende-se o comentário do Sr. Fernando Leite, e muito embora aprecie "ate demais" a beleza dos chifres e cabeça de uma forma geral do Gir reconheço que os chifres são um "estorvo" na lida, especialmente em sistemas de ordenha mecânica.
São caracteristicas de "fancy cow"...dificeis de serem relegadas a um segundo plano ou discutidas sem paixão.
Por outro lado, caracterização é importante. É um dos fatores, juntamente com as qualidades "funcionais" que define uma população de animais como sendo de uma raça, que os diferencia e qualifica para serem registrados garantido assim uma continuidade genética uniforme e equilibrada ao longo do tempo.
Isso não quer dizer que tais caracteristicas sejam "engessadas", perpétuas, indescutíveis e etc.
Ao longo da história todas, todas as raças de animais domésticos e de espécies selvagens modificaram-se, muitas desapareceram inclusive. O Gir de 1920 não é o mesmo Gir de 1945, que não é o mesmo da década de 60, de 80, ou do Gir atual. E não será do Gir de 2020, 30 e tal.
Portanto, assim como na raça holandesa, jersey e outras que sempre tiveram chifres e hoje poucos lembram-se qual o padrão dos chifres de uma holandesa, no Gir não será diferente.
A partir do momento em que o Gir assumir um numero massificado, com alguns milhares de animais em produções comerciais, e consolidarem sua presença face o que produzem e o resultado financeiro que venham a proporcionar. Meus amigos, ninguém estará prestando atenção em chifre, cor, malhado, etc.
Eventualmente, sempre haverá o preservacionista, aquele que vive de renda diversa e cria por prazer...e assim sempre teremos animais com chifres espetaculares etc.
façamos justiça a esses criadores, pois estarão prestando enorme benefício preservando gens que no afã de produzir mais e mais, ou "padronizar" tipos de alto nivel produtivo poderiam se perder.
Felizmente nas pastagens do Brasil tem espaço para todo mundo - criadores, bem como para todas as linhagens e variantes da raça Gir que possam vir a existir.
O Gir não esta limitado a "um" unico rumo!
Inumeros rumos são viáveis, e o colega apenas nos apresenta o que ele vislumbra fruto de sua pratica e experiência.

Sten Johnsson (SEJ)
Rio de Janeiro

Rodrigo Simões disse...

Loucura, chega a dar pena um comentários desses.

Chifre vai acabar?????

É pra rir ou chorar? Deixem o Gir em paz e vão criar Girolando!

Nem vale a pena escrever mais...

Roberto Bolsanello disse...

PO...o colega que falou de descornar GIR tem uma opção sem precisar mudar as regras do GIR verdadeiro...

Crie Gir Mocho oras...já vem mochadinho..sem estress de fazer descorna depois...pense nisso...

Devem ter alguns semens do Marduque II por aí... e o bom que ele ajudaria o gir mocho que anda meio caidinho.

Abraços

Bolsanello

Thiago Calhau disse...

Caros criadores de Gir leiteiro.

Para que o Gir possa ter definitivamente uma posição de destaque na produção de leite nacional, ele tem que ser competitivo. Não adianta ter um animal lindo, com toda caracterização da raça e não ser lucrativo. Temos que pensar em funcionalidade, como leite e carne e depois em certos formalismos com “chifre”, pois, caso contrário, estaremos traçando a extinção do Gir leiteiro no Brasil.

Klaus Drower disse...

Criadores de Gir...

ok?