Por Rosimar Silva
O ano de 2015 apenas confirmou a tendência de queda do gir leiteiro iniciado em 2013. Foram poucos leilões, exposições esvaziadas, crises nas entidades e a morte de sua principal personalidade.
A pecuária seletiva confirma sua
característica cíclica e o gir leiteiro, em 2015, confirmou que seu momento de
esplendor já passou e agora a luta é pela sobrevivência de alguns criadores e
selecionadores.
Aquele glamour de 2010 acabou. O
momento é de baixa. O mercado retraiu e as médias dos leilões despencaram.
Mesmo assim ainda é cedo para dizer se o crescimento do gir leiteiro foi
realmente uma bolha (como muitos afirmaram) e que estourou, ou está em vias de
estourar. Provavelmente o avanço do gir leiteiro em sua seleção não permitirá
que seu crescimento econômico tenha sido uma bolha, mas um balão que agora está
diminuindo de tamanho sem, conduto, explodir. Espera-se.
A retração de crescimento da
raça coincidiu com a crise econômica do país e o aumento dos custos afastou o
criador das exposições. Para se ter uma ideia, a maior exposição da raça não
foi, por exemplo, nem na Expozebu (a Meca do zebu mundial), nem na tradicional
exposição nacional do gir leiteiro, também em Uberaba, mas em uma pequena
cidade do interior de Minas, Pompéu. Em várias outras cidades, também
tradicionais, o número de animais em exposição e, consequentemente, na pista de
julgamento, despencou e em grande parte delas o número de animais foi o
suficiente apenas para garantir o ranqueamento.
As entidades da raça também
perderam força e ainda por cima a Abcgil, a entidade mãe da raça, com sede em
Uberaba, foi obrigada a administrar uma crise financeira provocada por um rombo
em suas contas causada por desvios praticados por funcionários. Para completar
o desastre institucional da entidade, o seu presidente foi condenado pela justiça federal a 5 anos e 8 meses de prisão por irregularidades no período em que foi presidente do Banco do Estado de Minas Gerais. Se não bastasse,
Bicalho ainda é réu no Mensalão Mineiro, acusado de corrupção pelo Ministério
Público, cuja sentença ainda não saiu, mas pode ser outra surpresa na vida do
presidente.
Por fim, um acidente trágico
tira a vida de Luiz Ronaldo de Paula, a maior voz do Gir leiteiro do Brasil e
da América Latina. A morte de Luiz Ronaldo foi um duro golpe no Gir Leiteiro,
pois ele era a maior personalidade da raça, reconhecido como o maior e melhor
assessor de leilões do gir leiteiro, com prestígio e credibilidade. A sua morte
tornou os leilões enfadonhos e sem graça. Luiz Ronaldo levou o gir leiteiro
para a televisão e com ele viveu sua glamourização; deu personalidade e status
para o gir leiteiro e fez a elite da pecuária nacional entrar na raça. Agora
com sua morte e sem sucessor, está decretado o fim do ciclo de ouro do Gir
Leiteiro.
Conduto, mesmo com um cenário
negativo, ainda existe luz no fim do túnel. Ao mesmo tempo em que ouve o
crescimento econômico da raça, houve também melhoramento genético e isso é o
grande capital do gir leiteiro. Esse avanço é, sem sombra de dúvidas, a carta
da manga dos criadores e selecionadores comprometidos com a raça. A crise
passará. A raça é forte e está preparada para esses percalços. Os verdadeiros
criadores e selecionadores vão continuar seguindo a saga do gir no Brasil, com,
ou sem, a ajuda das suas entidades e lideranças. Se tiver melhor, mas a vida
segue nos inúmeros currais desse imenso Brasil.
Isso tudo fará, não tenho
dúvidas, com que haja mudanças de rumos, de estratégias e de metas. A busca
agora é para a sustentabilidade da raça como fornecedora de genética de ponta
para a produção de vacas leiteiras, economicamente viáveis, tanto como raça
pura, como para o cruzamento (a grande missão do gir no Brasil). Com isso,
mudam-se os paradigmas. Sai a superlactação e os recordes mundiais e entram as
provas de leite a pasto, visando persistência de lactação e viabilidade
econômica. O caminho já foi sinalizado. Agora é ajustar as velas e dar novo
rumo à raça para que em um breve espaço de tempo o gir leiteiro volte a ser a
grande revelação da pecuária leiteira nacional.
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