20 de dez. de 2009

Aos leitores das entrelinhas do gir: supersônico e trem bala não tem macha a ré

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Prezado Rosimar Silva,

A exemplo de milhares de criadores em todo o mundo, sou leitor de carteirinha do Blog Girbrasil, respeito e admiro seu caráter democrático, mas tem coisa que é publicado aqui que não contribui com nada. E a velha cantilhena de sempre, comida requentada.

Tomo por base o ultimo artigo do Sr. Euclides Osvaldo Marques, “A importância das Exposições Agropecuárias”, mais um desabafo que não ajuda em nada a raça. A velha insistência do racial pelo racial, sem propor nada e, sabe-se, também não contribui com nada. Deixo claro também que respeito à opinião dele, como criador e selecionador e também como formador de opinião.

Penso que temos que respeitar as atitudes de cada criador. Mas a raça gir atualmente está em outro patamar, o mercado está aberto e mostrando que tipo de gado deseja. Quer resultado, quer gado de leite, quer produção, equilíbrio. Basta acompanhar os leilões, só tem preço animais de origem consistente e com produção comprovada.

Infelizmente temos também os dissabores dos negócios que não se concretizam, neste caso os super leilões, outro mercado que temos que aperfeiçoar e dominar, conforme noticiou girbrasil em "Criador assume que não pode pagar e devolve o gado", não da para continuar abastecendo o mercado com nossos animais, sem que as firmas leiloeiras, assessorias e todos os envolvidos no processo sejam solidários até o final dos pagamentos dos mesmos.

O mercado sinalizou para o Gir que vai apostar na raça, que está disposto a pagar o preço de apostar no gir como raça leiteira, como opção de raça brasileira voltada exclusivamente para leite, não quer gir simplesmente bonito e raçudo, mas que não produz. Animais bonitinhos só para colecionador, não tem preço, não vende, os tourinhos vão tudo para o Tocantins engordar para frigorífico, ou para quem tiver boa lábia, vender como Gir Leiteiro.

Por falar em dupla aptidão, na maioria das exposições brasileiras não tem mais esse tipo de julgamento. Na Expozebu está reduzindo cada vez mais. No ano que vem a expozebu terá uma grande novidade: meu amigo Fábio André, o maior expositor de gir padrão de todos os tempos, poderá não participar do julgamento de dupla aptidão.

Ele que por mais de três décadas vem ganhando prêmios na Expozebu está percebendo que não adianta mais permanecer nessa via e acompanha a soberania do mercado selecionando gir para leite.

È mais ainda, com o "juntamento" no mesmo julgamento do Gir com o Gir Mocho (Expozebu 2010), a tão falada e defendida "cabeça bonito", vai nos próximos anos ser mero instrumento de lembranças no Museu do Zebu, a cabeça do Chave do Ouro e linda, minha primeira lembrança do Museu.

As pistas analisarão somente os aspectos produtivos dos indivíduos em julgamento, para dai em diante serem multiplicados, ninguém multiplica "porcaria" não, mesmo que ela, a "porcaria", seja o GRANDE CAMPEÃO DA NACIONAL DO GIR LEITEIRO.

Agora dizer que precisamos melhorar mais o gir leiteiro é outra coisa. Moralizar os controles leiteiros oficiais também é uma luta patriótica. Não dá para conviver com as super lactações, que só denigre a raça e pesam no bolso, seja do pequeno ou do grande criador.

Encontrar um rumo para que os controles sejam realmente feitos em patamares dentro da lógica e, principalmente, do bom senso e com custos aceitáveis, Isso sim terá que ser feito.

Precisamos achar o rumo, senão o gir leiteiro - A cabeça do C.A Sansão - vai fazer dupla com o Chave de Ouro, mais uma vez no Museu. Supersônico e Trem Bala não tem Macha a Ré.

Aqui, aproveito para fazer uma cobrança às associações, principalmente a ASSOGIR que ainda não disse a que veio, poucos projetos e quase nenhuma ação neste sentido, se tem alguma coisa, ninguém sabe, pois não esta sendo divulgado.

Neste aspecto, acho que a ABCZ tem que assumir seu papel de delegado do Ministério da Agricultura e por o dedo na ferida. Não é possível mais conviver com as super lactações e as lactações que não existe.

Também é preciso estabelecer uma conduta ética entre os criadores para o fato das lactações “fabricadas”, com animais super tratados, confinados e medicados, estes não estão dando lucro para ninguém, a não ser para quem participa da "festa armada dos super leilões"

Penso que não é porque a raça atingiu patamares de preços jamais imagináveis que vamos dizer que está tudo pronto. Não, temos desafios grandes ainda.

Precisamos ampliar, e muito, o rebanho realmente leiteiro, ampliar a persistência de lactação dos nossos animais, melhorar mais úberes e tetos, e, principalmente, moralizar os controles leiteiros, fazer as fêmeas parir, qualificar nossa mão de obra e a nós mesmos, entender todo o processo, para ai sim termos sustentação real no nosso negocio.

Precisamos de uma estratégia clara e objetiva para fugir da endogamia, da consaguinidade do gir leiteiro, por isso acho que não custa nada apoiar o teste de progênie de Goiás, a única novidade do gir leiteiro dos últimos tempos. Uma coisa é aproveitar o momento de valorização do gir e ganhar dinheiro, outra coisa é pensar a raça como criador e selecionador, com os olhos voltados para o futuro. Nosso sonho é ver o Brasil povoado de gir como raça leiteira. Para isso carece de seriedade, pesquisa cientifica, muito trabalho e cuidado nas decisões que tomamos neste momento, pois essas decisões podem custar caro no futuro.

Desejo a todos que as Festas do Final de Ano transcorram com paz e com a certeza de dias melhores. Pois não temos como viver o dia de ontem, a não ser com as nossas lembranças, sejam elas boas ou ruins.

Caio Sandro de Araújo
caiogir@gmail.com
Gir Arca
Caldas Novas - Goiás

6 comentários:

SEJ Johnsson disse...

Prezado Caio, assino junto com voce esse post.
Filigrana, festa VIP, curral "mansão", vaca lavada com xampu e tratada a "pão de ló" e exposição onde fica se medindo orelha, chifre, chanfro e pelagem ou avaliando pedigree ou "grife". Isso não garantem leite ou levam a produção viável economicamente ou consistência e confiabilidade.

abs
SEJ

Estância do Gir disse...

Concordo com voce Caio,

Sòmente com o que vc.escreveu a partir do décimo parágrafo.
O que eu não esperava, é que o assunto seguinte fosse demandar uma maior discussão a partir de agora.A livre iniciativa é assim,
implica riscos em todas as atividades do ramo empresarial.
Sou daqueles que fico feliz quando alguem abre um negocio, entra numa atividade, e triste quando desiste
ou sai da atividade.Tudo tem as suas razões.Portanto, o momento é de criadores,promotores,assessores,
leiloeiras,e TVs, encontrarem um novo formato para os leilões, de forma a tranquilizar o mercado.
Penso que os cadastors devem ser
atualizados constantemente,pois as cobranças são feitas diretamente pelos vendedores.
Ha fatos que apesar de não ser os
desejaveis,irão contribuir para as
relaçoes vendedor/comprador/leiloeiras.

Euclides/Estância do Gir

Ivan Ledic disse...

Nada a acrescentar, apenas dizer de minha admiração pelo que vi escrito. Curto, grosso e realista. O mercado mostra o que quer e precisa, todavia temos que nos antecipar ao novo futuro que está por vir e que exigirá mais para que o Gir Leiteiro continue a ser uma das grandes alternativas da pecuária tropical

Estância do Gir disse...

Prezado Caio,

Quando escrevi o artigo"A importância das exposições agropecuárias",não imaginei
que 24 horas depois tivessemos
um fato novo que não era do
agrado de nenhum criador.
Se vc.achou o tema uma comida requentada,era só não degustá-la.
Agora duro mesmo,é ter que degustar
o asunto da família Caixeta,pois a partir de agora terá que ser discutida toda a estrutura dos
leilões até então um sucesso.
O fato em si é isolado no mundo dos negócios,afinal,é o preço
da livre iniciativa que não admite equívocos.
No entanto,nada de alarmismos.Os leilões vão continuar só que mais
organizados,com cadastros mais atualizados e acredito eu,para as
grandes aquisições garantias bancárias.Os problemas surgem para
serem resolvidos.Todos são parceiros na hora da venda.TVs.,
leiloeiras,leiloeiros,assessores.
Promotor satisfeito com o seu leilão é garantia de outros tantos.
O negócio neste momento,não é criticar comprador ou vendedor,e sim,criar um novo modelo para os leilões no ano de 2010.

Atenciosamente

Euclides/Estância do Gir

MARCELO disse...

Boa noite, Caio Sandro!

Tive o prazer de ler o seu artigo e creio que você está correto em seus pensamentos e principalmente por ter tomado a atitude de tentar esconder o queijo dos ratos! Estou entrando na raça agora, mas já me preocupava com tamanhas lactações que estão amedrontando até as mais puras das holandesas(que são reais). Espero que suas sábias palavras possam ecoar de tamanha forma, a ponto de preocupar as entidades responsáveis em dar transparência ao processo de seleção do gir Leiteiro. Pois, do contrário, qualquer dia poderá acontecer o que já aconteceu no Marchador; cair nos olhos do ministério público. Vá em frente que já deu para perceber que você não está sozinho!

MARCELO - HARAS MKF - BRASILIA

Dirceu disse...

Caio.


É como amigo que acabamos nos tornando, em razão principalmente do Gir Leiteiro, que estou deixando a minha opinião para todos que fazem parte da rede mundial de computadores vejam o meu pensamento a respeito do momento atual do Gir Leiteiro.

Conforme já sabiamos a muito tempo, desde a Mega-Leite 2009, conforme ouvimos em roda de criadores/amigos, que o investidor Jorge Luiz Caixeta, iria devolver o gado neste final de ano, o que realmente aconteceu. Se foi premeditado não vem ao caso, mais esclareço que a roda de "devolução" acaba chegando na minha porta.

Sou corretor de imovéis e sei o que um negócio "engolido" vai fazer uma corrente ao contrário, além de prejudicar as partes envolvidas, o mercado fica de orelha em pé, ainda mais no montante publicado pelo Blog Gir Brasil, meu livro de cabeceira no Gir.

Concordo e sou solidário com as suas opiniões sobre o que deverá ser feito para o gir leiteiro de agora em diante, para que, principalmente quem acreditou, comprou e pagou(umas das minhas principais diretrizes na vida - COMPRAR E PAGAR, mesmo que depois não fique muito satisfeito com a compra), não sejam os mais prejudicados.
Concordo que 10 parcelas em Leilões, seria o ideal para quem compra, meu caso, e para quem vende, claro que, em 10 vezes as loucuras não seriam feitas com tanta frequencia. Sou do acordo que as leiloeiras recebem parceladamente, afinal elas precisam mais dos vendedores do que vendedores delas e negocio não pode ter uma unica via.

Caio, faço votos que o GIR LEITEIRO, consiga sair deste burraco que esta entrando, você mim convenceu e mostrou que a "mentirada do gir" (vacas que não pariam, não davam leite, não engordavam, não tinham funcionalidade e tão pouco retorno financeiro, uma raça em extinção conforme falava meu sogro) não era o "Gir Leiteiro"

Feliz Festas de Final de Ano.

DIRCEU DA CRUZ VIEIRA