7 de ago. de 2009

Cruzamento de Gir para produção de Carne

Fotos: Zanata (divulgação)
























Santa Rita do Pardo (MS) – Antônio Braz Zanatta Júnior, medico veterinário e diretor da Assogir, especialista em produção de gado de corte, desenvolve há vários anos esperimentos em melhoramento genético de gado voltado para produção de carne. Na fazenda com o nome bonito de “Porta do Céu”, Zanatta está fazendo cruzamento de vacas meio sangue simental com touros Gir.

Ele envia fotos (acima) desses animais e diz que obteve “bons resultados, não só no desempenho dos indivíduos, mas notamos que ao acasalarmos touros nelores em vacas ½ sangue europeu obtínhamos ótimos produtos, devido a habilidade materna dessas vacas, mas ao compararmos no mesmo grupo contemporâneo, animais filhos da mesma base de vacas (inseminação aleatória), com touros nelore e Gir, notamos que houve um ganho adicional de 10% para os filhos de touros Gir, mostrando que houve também hereroze por parte paterna”, explica.

Zanata diz que as fotos “são de um macho e uma fêmea ½ Gir e vacas ½ simental, 280 kg e 240 kg respectivamente ao desmame, aos 8 meses a compo sem Creep, só mineral – diz ainda – que a média de peso ao desmame nesse lote foi de 225 kg para fêmeas e 245 para machos, com mesma composição genética”.

Por fim, Zanata diz que continuará trabalhando “esse outro lado da raça Gir que está passando despercebida, que é o cruzamento em gado de corte”, finaliza.

Vejar abaixo artigo de Zanata:




Gir, o Zebu mais versátil do mundo


Antônio Braz Zanatta Júnior, para Girbrasil

No meio eqüestre, costuma-se dizer que o quarto de milha é o cavalo mais versátil do mundo, seria porque este se adapta em várias modalidades, saindo-se muito bem em todas elas.

Sem pretensão, eu julgaria o Gir, como a raça zebuína, mais versátil, pois produz leite e carne nas mais variadas condições, com grande longevidade.

Meu maior intuito neste momento seria dar ênfase a uma característica, que no passado foi a mais perseguida pelos criadores, que é a produção de carne do Gir, que talvez tenha sido deixada do lado, pois do ponto de vista comercial, a curto ou médio prazo, o leite foi uma característica que permitiu os muitos criadores continuarem na raça, principalmente cruzando suas matrizes com taurinos.

Como já é sabido, quanto mais características selecionarmos ao mesmo tempo, mais demoramos a alcançar o nosso objetivo, portanto, não gostaria de levantar polêmicas, nem discutir números elevados de certas lactações e como forão conseguidas, ou a origem duvidosa desses animais, e sim começarmos e enxergar o Gir como ele realmente é.

Dessa forma eu diria que o termo dupla aptidão, seria meio intransigente, pois não encontraremos no mesmo indivíduo carne e leite com abundância, podendo sim haver animais equilibrados, que possuem boa carcaça e que não seja negativo para leite.

No caso do corte, ao se pesquisar publicações antigas dos testes de desempenho, e até as mais atuais, dão muita importância ao GPD (G de Peso Dia), ao compararmos raças, notamos que o Gir está entre os últimos, mas quando olhamos textes de rendimento de carcaça, carne desossada e cobertura de gordura, o ranque se inverte, ficando entre os primeiros.

Ainda é muito subjetiva a maneira como são feitos esses testes, na maioria em confinamento, se 97 % de nossas boiadas são acabadas a pasto, é uma grande incoerência este tipo de teste, o número de animais e criadores também não era expressivo, além do que o GPD comparando raças, não prova sua superioridade, pois se levarmos charolês puro para região amazônica, provavelmente não sobreviva, já nos testes está entre os primeiros.

Vale ressaltar que ao selecionarmos altas lactações ou mesmo altos ponderais, aumentamos o metabolismo do animal, em conseqüência o custo de mantença dos mesmos, e uma maior necessidade de se incluir grãos na dieta, portanto volto a frisar que devemos buscar indivíduos equilibrados, e que os extremos não são os melhores.

Não devemos de forma alguma pensar que o Gir irá substituir o Nelore na produção de carne, e sim se destinando aos programas de cruzamento, numa pecuária de ciclo curto e com carne de qualidade.

Existem hoje no mercado, várias raças zebuínas e taurinas com uma infinidade de propostas de cruzamento envolvendo as mesmas, no nosso meio às vezes nos deixamos levar pelos modismos ou copiamos o que vem sendo feito por alguns, cruzamento não é receita de “bolo”, toda raça tem sua utilidade, depende do manejo, clima, topografia e etc.

Ao escolhermos as raças que irão compor um programa de cruzamento devemos estudar todos os prós e contras, temos que ter em mente a complementaridade e heterose gerada entre as mesmas, pois como se sabe, os melhores resultados ocorrem ao cruzar zebuínos com taurinos, tanto para produção de leite ou carne.

Na pecuária de corte têm se acasalado várias raças taurinas e zebuínas, com matrizes nelores, onde se obtém ótimos resultados no abate desses animais, mas uma grande vantagem adicional, que muitos não aproveitão é o uso das fêmeas ½ sangue na reprodução, talvez por problema de manejo, ou por não terem opção de uma raça que mostre resultados vantajosos no ciclo de recria e engorda, essas fêmeas resultão em altas taxas de prenhes aos 16 meses, e podem ser abatidas aos 36, com 16 @ e nos ter deixado uma cria, outra possibilidade, seria usa-lo na região sul, onde a base das matrizes é de origem taurina e se produz animais compostos como: Brangus, Braford e etc.

Mas que raça usar, para manter a rusticidade, pois como já foi dito 97% das boiadas são acabadas a pasto e ainda manter certo grau de heterose, já que a base zebu é nelore?

Aí que eu digo que o Gir se presta muito bem, nos dando bezerros pequenos ao nascimento, com heterose (maior distância genética do nelore que outros zebuínos), ótimos ganhos, com acabamento precoce a pasto e uma excelente composição de carcaça.

Eu diria que a composição da carcaça, é tão ou mais importante que o próprio peso da mesma, pois os frigoríficos querem bois de 18 @ com alto rendimento de carne desossada, mesmo que ainda não nos remunerem por isso, o Gir pode colocar, basta a nós criadores, começarmos a buscar linhagens e indivíduos que nos proporcione tais características.

Esse mercado requer uma demanda de touros enorme, pois se estimarmos 50 milhões de matrizes em reprodução no Brasil e apenas 1% sendo cobertas por touros Gir, de cara uns 15 mil touros para atendê-las, será que dispomos de tanto material genético?



Antônio Braz Zanatta Júnior

Fazenda Porta do Céu
Santa Rita do Pardo (MS)

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