2 de jan. de 2008

Leilão do grupo "Puro de Origem"

"Os Puros"Leo Machado, Alexânia (GO); João Machado Prata Júnior, Uberaba (MG); Onofre Ribeiro, Paraopeba (MG); Arthur Souto Maior e Antônio Paulo Abate, Campo Florido (MG).

Goiânia (GO) - A formação do grupo “Puro de Origem”, que o blog passou a chamar de “Os Puros” já está dando o que falar na comunidade Girbrasil no Orkut. Quem tiver Orkut visite a comunidade e verá que tem um fórum exclusivo para esse assunto. “Os Puros” tem um significado importante no agronégocio do Gir nacional.

Primeiro é uma idéia, um empreendimento que nasce para substituir outra idéia que não estava dando certo mais.

O Leilão Gir Leiteiro Puro de Origem enterrou o leilão Dose Dupla. O fim do "Dose Dupla” acontece numa hora interessante no mundo do Gir. Discute-se, atualmente, se deve ou não continuar com o julgamento das duas aptidões: leiteira e dupla aptidão. Alguns acham que não deve mais existir dois julgamentos, que a raça é leiteira e os critérios têm que ser para produção de leite, também.

Foto: Rosimar Silva/arquivo Girbrasil

Abertura do 1º Leilão Dose Dupla, em Uberaba (MG).
Na foto João Machado Prata Junior e Alberto Pereira Nunes Filho.

Origem

O leilão Dose Dupla nasceu em 1995 com João Machado Prata Júnior, da tradicional família Prata, antigos zebuzeiros de Uberaba (MG) e Alberto Pereira Nunes Filho, de Goiânia (GO). Alberto Nunes já foi vice-presidente da ABCZ e era, na época, presidente da Associação Goiana dos Criadores de Gir. Tinha bastante prestígio no meio dos giristas e era reconhecido por ter um rebanho bem caracterizado e com famílias leiteiras.

Alberto Nunes era dedicado ao leite, mas não abria mão da caracterização racial. Foi pioneiro no Estado de Goiás no Controle Leiteiro Oficial da ABCZ e na utilização de TE e Fiv na raça Gir.

Seu gado era grande, bonito e leiteiro. Como exemplo, deixou para o Brasil a vaca Xantina da SJ (foto), cuja produção foi de 9.584 kg. Xantina da SJ foi recordista nacional do Controle de Leite da ABCZ no ano de 2002. (A revista Girbrasil publicou um anúncio da Estância São José com a foto de uma Filha de Xantina, Essência da São José, na página Central da Revista – quem não viu pode pedir um exemplar por e-mail – Veja também o filme da Essência na página de filmes de Girbrasil no Youtube).

João Machado e Alberto Nunes, então criadores de Gir caracterizado, mais para dupla aptidão do que Gir Leiteiro, resolveram acreditar no Gir puro, bom de raça, bonito e com leite. Consideraram que o mercado queria esse gado e lançaram o leilão, que foi um sucesso no primeiro ano.

No ano seguinte Alberto Nunes morreu e João Machado ficou sozinho no leilão. Fez duas edições: 2006 e 2007. Nessas três edições, na verdade, o leilão Dose Dupla não conseguiu uma identidade do ponto de vista de linhagem de gado. Não era de Gir leiteiro e nem de dupla aptidão, era um leilão sem ideologia no Gir. Tinha de tudo. Vendia no “Dose Dupla” leiteiros como Gabriel Donato de Andrade, da Calciolândia, a padrãozeiros como José Luiz Junqueira Barros, o Bi, de Ribeirão Preto, um digno representante do Gir padrão.

Tudo isso graças à simpatia e a habilidade política de João Machado Prata Júnior, que reunia todo tipo de girista em seu leilão.

Essa mudança de rumo de João Machado tem um significado. Pode expressar uma tendência. Será que o Gir dupla aptidão está perdendo espaço dentro de Uberaba? Agora somente a Assogir – Associação Brasileira de Criadores de Gir, entidade que, teoricamente, representa do Gir padrão no Brasil, tem um leilão. O resto é de Gir leiteiro. Ainda não tenho a informação se a Assogir fará um leilão na Expozebu deste ano.

Além disso, a Abcgil, Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro, depois de muito luta, conseguiu instalar-se dentro da ABCZ, como as outras entidades zebuínas nacionais. Cada dia o Gir Leiteira ganha mais força política. Pois economicamente o Gir leiteiro já suplantou o Gir padrão: tem mais touros em centrais, tem mais leilões e melhores médias na Expozebu e no resto do país.

João Machado rendeu-se ao velho ditado: “ninguém é feliz sozinho”. Ao invés de continuar no mesmo rumo, ou buscar os velhos companheiros do Gir padrão para alavancar o “Dose Dupla”, não pensou duas vezes para decretar o fim do seu leilão e mudar de foco: buscou parceiros sólidos e consolidados no Gir leiteiro.

Como já disse na nota anterior, João Machado Prata Júnior, como excelente empreendedor, foi rápido na articulação do grupo “Puro de Origem”. Todos os contados foram feitos em maio de 2007 durante a Expozebu, com o “Dose Dupla” em pleno funcionamento.

Quando o leiloeiro bateu o martelo do último lote, João Machado suspirou: _ é o último!!

Ali mesmo no Centro de Eventos da ABCZ, ele já conversava com os futuros parceiros. Negócio é isso mesmo. Não se apegou ao projetou que, pelo jeito, não foi tão bom, ou que não poderia ser bom por muito tempo. Sem sustentabilidade. Buscou novo rumo. Novas pessoas. Novo gás. Vida nova e novas expectativas.

Agora João Machado Prata Júnior é criador e empreendedor de Gir leiteiro, Juntamente com Antônio Paulo Abate, Arthur Souto Maior Filizolla, Onofre Ribeiro e Léo Machado. Está formado o grupo “Puro de Origem”.

Sobre os consórcios e grupos comerciais do Gir, vamos falar futuramente e mostrar que isso é uma prática antiga e que perdura até hoje. Vários grupos foram montados e desfeitos. Outros duram até hoje. Na busca pelo mercado comprador e vendedor de gado Gir, os criadores têm bastante criatividade

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