Evandro Guimarães, criador de Gir nas Fazendas do Basa, no estado de Minas Gerais. |
Por Evandro Guimarães
Os produtores rurais do Brasil são mais de cinco milhões
enquanto os “ruralistas” aqui entendidos como quem tem grande poder e dinheiro
são apenas milhares.
Em geral os ruralistas são doadores pesados de campanha ou
são os próprios políticos que fazem um discurso pró-produtores rurais para se
elegerem.
Os jornais e o Governo não sabem mesmo o que são os
produtores rurais. Quando o assunto é muito dinheiro, muito poder, chamam de
ruralistas os votos parlamentares que querem influenciar ou comprar.
Em geral falsos discursos. Os jornais e o Governo não querem
informar melhor, estão se lixando para milhões de produtores, que estão mal
representados, mal organizados.
Alguns temas interessam a todo o conjunto da atividade tais como exageros na questão ambiental, regras (não são Leis!) não aplicáveis nas relações de trabalho, falta de combate aos oligopólios antes (insumos) e depois das porteiras (processadores/atravessadores financeiros), crédito e etc.
Alguns temas interessam a todo o conjunto da atividade tais como exageros na questão ambiental, regras (não são Leis!) não aplicáveis nas relações de trabalho, falta de combate aos oligopólios antes (insumos) e depois das porteiras (processadores/atravessadores financeiros), crédito e etc.
Mas ninguém se engane: quem tem poder é grande e tem muito
dinheiro, adora o guarda chuva ruralista, pois faz parecer que tem muita gente
apoiando qualquer coisa que seja do seu interesse específico. Isso é a verdade
quanto à reserva de Jamanxim
(Floresta Nacional do Jamanxim, no sudeste do Pará). Acham que a redução da
Reserva interessa aos produtores brasileiros em geral. Quem tira leite de 100
vacas na Zona da Mata mineira ou quem produz café em 54 hectares na serra do
Espirito Santo não tem nada a ver com isso.
O certo é que 350 mil hectares a menos na reserva certamente
interessa a poucas pessoas e ninguém, se preocupa em saber quem é. O Governo
não tem um setor de inteligência? Não tem a Policia Federal, o INCRA, ou talvez
já saibam e isso é para atender uns poucos mesmo.
Os produtores rurais estão fudidos com a representação que
tem. Para deixar claro vamos falar dos produtores de leite. O Brasil tem na
liderança da tecnologia e industrialização do leite empresas da comunidade
Europeia, que é óbvio, jamais poderão a partir do Brasil, trabalhar para a
exportação de leite. Leite é questão de Estado, é emprego e renda, os canais de
exportação são decididos nas matrizes, sempre.
Nenhum político mais ou menos ruralista nunca trabalhou para
que nosso País tenha um time dedicado 24 horas todo dia a abrir mercado para
nosso leite e derivados. De vez em quando ficamos mobilizados por importações.
É pouco, para manter o crescimento que existe, cerca de três por cento ao ano,
precisamos exportar. Não há como decrescer o ritmo da produção leiteira. Temos
muita terra, muito grão, muitos estabelecimentos rurais e, de alguns anos para
cá temos gado! Gado rústico para produção de leite nos trópicos, cruzamento com
zebuínos, fantástico.
As entidades e instituições que representam os produtores de
leite estão velhas, cansadas (atenção: não estou falando de produtores de 20
mil litros, estes são casados com indústrias internacionais e já adquiriram uma
situação peculiar, capitalizada).
Vamos temperar essa minha estranheza da informação precária
e da inépcia governamental e das entidades com uma proposta; vamos trabalhar,
diretamente com os produtores e pressionar mesmo um governo pouco efetivo,
exigindo que o país tenha um grupo com recursos necessários voltados apenas
para a exportação de leite.
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