26 de jul. de 2017

Os votos dos RURALISTAS


Evandro Guimarães, criador de Gir nas Fazendas do Basa,
no estado de Minas Gerais.
Por Evandro Guimarães

Os produtores rurais do Brasil são mais de cinco milhões enquanto os “ruralistas” aqui entendidos como quem tem grande poder e dinheiro são apenas milhares.

Em geral os ruralistas são doadores pesados de campanha ou são os próprios políticos que fazem um discurso pró-produtores rurais para se elegerem.

Os jornais e o Governo não sabem mesmo o que são os produtores rurais. Quando o assunto é muito dinheiro, muito poder, chamam de ruralistas os votos parlamentares que querem influenciar ou comprar. 

Em geral falsos discursos. Os jornais e o Governo não querem informar melhor, estão se lixando para milhões de produtores, que estão mal representados, mal organizados.

Alguns temas interessam a todo o conjunto da atividade tais como exageros na questão ambiental, regras (não são Leis!) não aplicáveis nas relações de trabalho, falta de combate aos oligopólios antes (insumos) e depois das porteiras (processadores/atravessadores financeiros), crédito e etc.

Mas ninguém se engane: quem tem poder é grande e tem muito dinheiro, adora o guarda chuva ruralista, pois faz parecer que tem muita gente apoiando qualquer coisa que seja do seu interesse específico. Isso é a verdade quanto à reserva de Jamanxim (Floresta Nacional do Jamanxim, no sudeste do Pará). Acham que a redução da Reserva interessa aos produtores brasileiros em geral. Quem tira leite de 100 vacas na Zona da Mata mineira ou quem produz café em 54 hectares na serra do Espirito Santo não tem nada a ver com isso.

O certo é que 350 mil hectares a menos na reserva certamente interessa a poucas pessoas e ninguém, se preocupa em saber quem é. O Governo não tem um setor de inteligência? Não tem a Policia Federal, o INCRA, ou talvez já saibam e isso é para atender uns poucos mesmo.

Os produtores rurais estão fudidos com a representação que tem. Para deixar claro vamos falar dos produtores de leite. O Brasil tem na liderança da tecnologia e industrialização do leite empresas da comunidade Europeia, que é óbvio, jamais poderão a partir do Brasil, trabalhar para a exportação de leite. Leite é questão de Estado, é emprego e renda, os canais de exportação são decididos nas matrizes, sempre.

Nenhum político mais ou menos ruralista nunca trabalhou para que nosso País tenha um time dedicado 24 horas todo dia a abrir mercado para nosso leite e derivados. De vez em quando ficamos mobilizados por importações. É pouco, para manter o crescimento que existe, cerca de três por cento ao ano, precisamos exportar. Não há como decrescer o ritmo da produção leiteira. Temos muita terra, muito grão, muitos estabelecimentos rurais e, de alguns anos para cá temos gado! Gado rústico para produção de leite nos trópicos, cruzamento com zebuínos, fantástico.

As entidades e instituições que representam os produtores de leite estão velhas, cansadas (atenção: não estou falando de produtores de 20 mil litros, estes são casados com indústrias internacionais e já adquiriram uma situação peculiar, capitalizada).

Vamos temperar essa minha estranheza da informação precária e da inépcia governamental e das entidades com uma proposta; vamos trabalhar, diretamente com os produtores e pressionar mesmo um governo pouco efetivo, exigindo que o país tenha um grupo com recursos necessários voltados apenas para a exportação de leite.


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