click na foto para ampliarDona Conceição e João Feliciano Ribeiro, no último leilão da Estância Jasdan, em Paraopeba (MG), em Junho de 2007.
Nascido em 09/11/1915, na Fazenda Vargem Grande, município de São Gotardo, região do Alto Paranaíba em Minas Gerais, rota e ponto de parada das boiadas que vinham do sertão das Gerais e Goiás, João Feliciano Ribeiro pôde acompanhar de perto a introdução do zebu no rebanho bovino brasileiro, com o melhoramento do antigo gado crioulo.
Com a crise do café, em1929, João Feliciano perdeu todas as suas economias e foi obrigado a trabalhar com um amigo da família, que havia adquirido alguns animais Gir, importados da Índia. Depois de 2 anos de trabalho comprou do patrão, Hermenegildo Ladeira, 10 tourinhos e uma mula. A partir daí, nascia um mascate percorrendo grande parte do Estado a cavalo, levando touros melhoradores a lugares longínquos. Na década de 1950, transfere residência para Araxá, ampliando seu comércio e criatório.
Já durante década de 60, teve oportunidade de orientar vários criadores, entre eles, Gabriel Donato de Andrade, que iniciava seu trabalho no Gir leiteiro na Calciolândia e, também, Virgílio Mendes Ferraz, da Bahia, que tinha iniciado seus trabalhos em 1920 com animais importados da Índia. Na década de 50, Virgílio Mendes produzia 3.000 litros/dia, somente com vacas Gir P.O. Com seu falecimento, a elite de seu plantel foi incorporada ao de João Feliciano que, na época, tinha propriedades em Araxá e Uberaba.
No início da década de 70, João Feliciano transfere residência para Belo Horizonte, adquirindo a Fazenda São Bento, em Paraopeba, para onde transfere seu gado Gir. Sempre preocupado com seleção do Gir para leite, inicia o controle leiteiro na fazenda nos anos 70, oficializado o trabalho pela ABCZ/ EMBRAPA na década de 80, com a seguinte meta: LEITE, RAÇA E DOCILIDADE.
Produzindo o leite ecológico, sem uso de medicamentos, somente a pasto com pequena complementação de concentrados, cana e silo da maneira mais orgânica possível, João Feliciano se orgulhava de ter, nestes anos todos, reunido um vasto acervo de livros e fotos, tanto do Brasil como da Índia, fonte de consulta para pesquisadores, estudiosos e útil para publicações de vários autores.
Foi consultor e levantou grande parte do capítulo histórico da mais importante obra da raça - "Gir, a raça mais utilizada no Brasil", de Rinaldo dos Santos, publicada em 1994.
Em 1998, publica seu livro "Memórias de um Girista - das Gerais ao Gujarat", onde conta "causos" e sua viagem à Índia, documentando seus quase 90 anos de vida, dedicados ao zebu, sendo homenageado pela ABCZ com a mais importante comenda brasileira do setor: o "Mérito Pecuário ABCZ 2000".